Tempestade Roani se forma no Sul do Brasil e chama a atenção do mundo

Sistema se desprendeu da poderosa massa de ar frio, que causou neve em vários municípios, e se tornou independente.

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Ciclone descrito como atípico na costa do Uruguai e a Sudeste do Rio Grande do Sul recebe classificações diversas, chama atenção do mundo
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Entre a tarde e noite de segunda-feira (28), um intenso sistema de baixa pressão — que se formou junto à frente fria que derrubou as temperaturas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul — adquiriu características atípicas e se transformou em um ciclone subtropical no Sul do Uruguai.

O ciclone se afastou da poderosa onda de frio e se tornou independente da trajetória da frente fria que deixou as temperaturas negativas, com neve e chuva congelada em vários municípios catarinenses. 

O sistema ganhou força e, inclusive, um olho no meio após às 20h30 da segunda-feira, com o centro mais quente próximo à superfície e frio em altitude. Os indicativos, de acordo com especialistas, apontam que ele provoca ventos de 80 km/h a 90 km/h. 

Já na manhã desta terça-feira (29), segundo meteorologistas da Epagri/Ciram, o ciclone no litoral do Uruguai e Sul do Rio Grande do Sul evoluiu para tempestade tropical, classificado pela Marinha do Brasil com o nome de Roani (Grande Guerreiro). 

“Este sistema, raro no inverno em áreas tão ao sul e mais frequente no verão no litoral do RJ e SP, deve apresentar trajetória sobre o oceano se afastando da costa no decorrer de quarta-feira (30) e os meteorologistas da Epagri/Ciram seguem monitorando”, explicaram em nota conjunta as meteorologistas da Epagri/Ciram, Marilene de Lima e Gilsânia Cruz. 

Fenômeno incomum 

A formação de um ciclone tropical em pleno ao mês de junho e ainda em meio a uma poderosa onda de frio causou espanto da comunidade meteorológica. Isso, porque, esses sistemas tendem a se formar sobre águas quentes, em regra com temperatura superficial do oceano de 27 °C ou mais. Agora, a temperatura do mar onde o sistema se formou está ao redor de 17 °C.

Ciclones tropicais tendem a se formar nos meses de verão, no final da primavera ou no começo do outono. Para especialistas, este tipo de fenômeno é uma absoluta excepcionalidade no inverno. 

No Atlântico Norte, em um século e meio de dados, foram apenas 77 ciclone subtropicais ou tropicais em dezembro (primeiro mês do inverno setentrional que corresponderia ao nosso junho) e 4 em janeiro (o equivalente ao nosso julho) e estamos quase na virada do mês para julho.

Outro ponto que chamou a atenção dos especialistas é que os ciclones tropicais tendem a se formar em meio a uma atmosfera quente e úmida. Todavia, o Roani se originou em meio a uma poderosa massa de ar polar antártica com frio muito intenso e neve até em locais pouco acostumados ao fenômeno.

Fonte:

ND+/Metsul

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