Superação e amor pela vida!

Conheça a história de Diana, que após perder sua filha, tem vencido os dias mais difíceis de sua caminhada e lutado pela sua vida.

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Diana teve que buscar forças para superar a perda da filha. (Foto: Ladimara Teixeira)

Reportagem - Eliete Squerzzato Bechi/Portal Éder Luiz

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Passar pelo luto não é uma tarefa fácil, mas é necessário continuar. A luta pela vida após viver dias de escuridão parece algo impossível de ser conquistado, mas quando entendemos que sempre haverá um motivo para continuar, compreendemos então, que precisamos prosseguir.

Essa é a história de Diana Rita Campanholo, 31 anos, mãe da Heloísa Cristine Campanholo Marciano, e conhecida como a miss sorriso, a menina que está sempre feliz e que consegue sorrir mesmo em meio a dias difíceis. A moradora de Herval d´Oeste levava uma vida tranquila, e mesmo sonhando em ser mãe e apaixonada por criança, não alimentava seu sonho, pois entendia que seria um risco passar por uma gestação por ter problemas com pressão alta desde muito nova.

Mas, os planos que fazemos são diferentes muitas vezes daquilo que está escrito para nós, e no dia 24 de agosto de 2017, um bebê foi gerado no ventre de Diana.

Fotos: Ladimara Teixeira

“A descoberta da gestação foi desesperadora. Descobri somente no dia 24 de outubro, pois tive muito vômito e mal estar neste período, mas nem me passou pela cabeça, pois fazia uso de métodos contraceptivos. O primeiro sentimento após a confirmação foi de medo, pois sabia os riscos que corríamos, pelo fato de tomar medicações fortes para pressão, medo da reação da minha família, medo de contar para o pai dela. Enfim muito medo e desespero”, conta.

Mas, Diana precisou encarar aquele momento e lutar a cada dia pela vida da sua filha que agora carregava em seu ventre. Todo o processo de gestação foi com muita luta, muitos tratamentos, idas e vindas ao hospital, muitos medos e incertezas.

Fotos: Ladimara Teixeira

“Tentei me manter feliz e com esperança, mas não sei de onde tirei forças. Os 30 dias antes do nascimento da Heloísa fiquei internada uns dias em Joaçaba, outros em Curitibanos, foram dias difíceis, carregados de exames, picadas, mal estar, desespero e ao mesmo tempo força, esperança e vontade de viver e dar a vida por ela”.

O nascimento

O fluxo sanguíneo estava centralizando e era muito arriscado continuar com a bebê no ventre, pois o coração podia parar, os médicos decidiram acompanhar a cada 30 minutos, mas a médica do plantão noturno decidiu por segurança fazer a cesárea.

“Como eu precisava iniciar uma medicação especial 24h antes devido às complicações que a pressão alta podia causar para nós durante o parto, ela optou por fazer a cesária só as 7h do outro dia, assim seriam 12h da medicação e diminuiria o risco. Foram as 12h de espera mais difíceis da minha vida”, relembra Diana.

Heloísa nasceu com 28 semanas, no dia 12 de março de 2018.

Fotos: Ladimara Teixeira

As mães de prematuros não fazem 12h de repouso após anestesia, pois precisam ficar com seus bebês que naquele momento necessitam muito da mãe, e assim Diana precisou vencer todas as dores do pós operatório para cuidar de Heloísa.

“Me informaram que assim que conseguisse levantar podia ir até a UTI para ficar com ela, mas eu não consegui. Minha pressão caia devido à medicação tomada no parto, e eu desmaiava toda vez que tentava levantar. Na manhã do outro dia permitiram que minha mãe me levasse de cadeira de rodas e colocaram uma cadeira dentro da UTI para que ficasse com ela um pouco”.

Fotos: Ladimara Teixeira
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Heloísa não precisou ficar entubada, apesar de ser pequena e pesar apenas 820 gramas, estava bem. Era um milagre.

“Ela era perfeita, maravilhosa, mexia os pés o tempo todo. Ficou tão agitada quando cheguei que arrancou seus sensores. Estávamos felizes, meu dia se dividia em idas ao banco de leite cinco vezes por dia e idas até a UTI do hospital para cuidar da minha pequena”.

Fotos: Ladimara Teixeira

Em meio a tantas lutas para sobreviver e quando tudo parecia estar bem, chegou a notícia que Heloísa teve uma piora e precisou ser entubada pois estava com dificuldade para respirar e, infelizmente estava com um quadro de infecção.

“Iniciaram um antibiótico naquele dia e eu continuava positiva afinal já tínhamos superado tanta coisa. Naquele dia me deixaram tocar nela, porém não podia pegar no colo, nem fazer carinho, só tocar pois eles sentem dor por não terem ainda musculatura. Não tenho fotos dela, pois não entrávamos na UTI de celular eu estava de pijama não tinha onde guardar e não podia ficar com ele na mão e tocar nela. Passamos o dia aguardando resposta do antibiótico, porém na manhã seguinte fui informada que o quadro havia se agravado muito, ela tinha tido várias paradas à noite, trocaram o antibiótico e o estado dela era crítico”.

A notícia mais difícil

Heloísa estava com um quadro de enterocolite necrosante que evoluía para sepsia por ela ser muito pequena e não ter ainda muitas defesas. E foi através de uma ligação, pedindo que Diana fosse até a UTI, que a fase mais difícil se iniciava na sua vida.

“Eu ainda estava internada, então demorei para tirar soro, mas meu coração estava apertado, desci aqueles corredores sabendo que seria a última vez e não queria chegar nunca. Repeti inúmeras vezes para minha mãe que não queria ir, parecia que se não chegasse lá não teria acontecido. Mas, continuei caminhando, sabia que era meu papel de mãe e que precisava ser forte. Quando entrei na UTI ela estava em parada eles estavam em roda dela e me tiraram para fora e fecharam a porta, fiquei aguardando ao lado da minha mãe tentando não surtar. Até que o médico veio me dar a notícia que após 30 minutos de parada ela havia falecido. Me pediram se queria ficar com ela e foi a primeira vez que peguei minha filha no colo”, conta emocionada.

Fotos: Ladimara Teixeira

Ali dentro da UTI, com mais outros bebês e suas mães, Diana precisou ser forte, superar aquele momento e manter a calma.

“Eles me deixaram ficar com ela aproximadamente 15 minutos. Deixaram minha mãe entrar junto e depois me explicaram que precisavam levá-la. Optei por não ter fotos dela depois que faleceu, então segurei em suas mãos, guardei cada detalhe dos seus dedos, dos traços do seu rosto e consigo sentir o cheiro dela até hoje”.

O luto e o desejo de desistir da vida

Assim como é inexplicável definir a sensação de ter um filho, é inexplicável descrever a dor em perdê-lo. É como se um vazio fosse aberto e nunca mais poderá ser fechado.

“No início foi uma sensação estranha, parecia não estar acontecendo, porém com o tempo tive pavor de ficar sozinha, a sensação que eu tinha era que ia enlouquecer, depois veio o pânico, os sonhos frustrados, a solidão, a saudade que aumentava, as datas comemorativas que machucam muito o coração, mas relutei muito para procurar ajuda, pois achava que conseguiria superar sozinha, mas o tempo foi deixando tudo mais intenso e mais difícil, foi quando então tive desejo de suicídio”.

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Apesar de relutar Diana precisou procurar ajuda pois entendeu que não conseguiria passar por aquilo sozinha. A dor era maior do que ela podia suportar.

“Eu precisei ir no hospital um dia e na volta tive vontade de parar na ponte, mas achei que era de momento, só notei que era sério quando deitada em minha cama planejava uma forma de tirar minha vida. Costumo dizer que a vontade de morrer não é o problema, pois ainda sinto isso as vezes, o problema é você planejar a sua morte. Naquele momento entendi que podia chegar o dia em que eu não pensasse, que não tivesse medo, que eu só fizesse, então resolvi buscar ajuda”.

Fotos: Ladimara Teixeira

O recomeço

A jovem, iniciou um tratamento com psicóloga e psiquiatra e continua com o acompanhamento até hoje.

“Ainda não me considero 100%, uso medicação e preciso de acompanhamento e não sei dizer se algum dia estarei liberada disto, porém, mesmo muitas vezes desejando que o tempo voe e desejando não durar tantos anos, não deito mais na cama e planejo minha morte. Tinha dificuldade em entender o que fazia alguém ter coragem para cometer suicídio, hoje posso dizer que a dor é tão grande que parece ser a única forma de acabar com ela. O cansaço é terrível falta forças”.

Fotos: Ladimara Teixeira

A dor de perder um filho sem dúvidas é algo que não cabe em palavras e só quem passa por isso pode entender.

“Hoje posso dizer que não existe dor maior que perder um filho, desconheço algo que possa machucar e roubar tanto nossa paz e sonhos assim. Mas quando decidi continuar minha vida, foi quando entendi que também sou filha, tenho família e não queria que eles passassem pela mesma dor que eu estava passando. Além disso, entendi que eu e minha filha lutamos uma pela outra e eu estou aqui, assim como ela colore o céu todos os dias pra mim eu preciso seguir aqui por ela, ela vive em mim eu vivo nela e este laço não termina com a morte. Acredito que todos nós, no momento de desespero precisamos encontrar alguém que nos motive a prosseguir. Por nós realmente às vezes falta força, mas podemos lutar e prosseguir por quem amamos”, finaliza.

Quando se ama a vida nunca tem fim

In Memória de Heloísa Cristine Campanholo Marciano

Nascimento: 12/03/2018

Falecimento: 15/03/2018

Fotos: Ladimara Teixeira

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