Setembro Amarelo: Campanha reforça importância da prevenção ao suicídio

Saber reconhecer os sinais de alerta, procurar auxílio profissional e adotar hábitos saudáveis pode salvar vidas.

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Imagens: Secom
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Este mês é marcado pela campanha Setembro Amarelo, que busca conscientizar sobre a prevenção ao suicídio e propõe um diálogo aberto sobre o tema para reduzir o número de casos. Saber reconhecer os sinais de alerta, procurar auxílio profissional e adotar hábitos saudáveis pode salvar vidas. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que nove em cada 10 mortes por suicídio podem ser evitadas. Em Santa Catarina, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) realizam atendimentos com profissionais capacitados e há iniciativas de prevenção do Governo do Estado, como ações voltadas aos estudantes na rede pública estadual de ensino.

“Precisamos conscientizar as pessoas, esclarecer e abrir espaço para falar sobre suicídio. É preciso deixar que as pessoas possam falar sobre o sofrimento, e isso pode trazer alívio e conforto. As pessoas próximas podem perceber sinais e ajudar na prevenção. Lembrando que também é necessário procurar ajuda especializada para acolher e encaminhar o tratamento adequado”, explica Libiana Bez, enfermeira da Gerência de Vigilância de Doenças e Agravos Crônicos da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC).

Alguns sinais podem servir de alerta à família e amigos. “O isolamento, o abuso de álcool e outras drogas, mudanças bruscas de humor, a diminuição do autocuidado e até a automutilação. Esses sinais, especialmente quando se manifestam constantemente, requerem atenção especial”, afirma Libiana.

Até 25 de agosto deste ano, foram registradas 400 mortes por suicídio no estado, sendo o maior número de casos (78) entre 50 e 59 anos. Em 2019, foram 807 óbitos. Já em relação às tentativas, foram 2.678 até agosto deste ano e 6.118 em 2019. A faixa etária com maior número de tentativas é a de 20 a 29 anos, conforme informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde (MS).

Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) mostram que no Brasil cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos e, conforme o MS, mais de 96% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais, depressão, transtorno bipolar e/ou abuso de substâncias.

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Cuidados em tempos de pandemia

Com o isolamento social em tempos de pandemia da Covid-19, os cuidados para os riscos de suicídio devem ser redobrados. De acordo com a médica da Dive/SC Lígia Castellon, o confinamento pode agravar problemas crônicos de saúde, entre eles, a depressão. “Estudos científicos têm demonstrado que, com o isolamento, as pessoas podem apresentar alterações no sono, distúrbios alimentares, excessos provocados pela ansiedade e pela dificuldade de praticar atividade física, piora nos problemas crônicos de saúde e uso abusivo de álcool, cigarro e outras drogas”, afirma.

Lígia lembra que esses excessos podem gerar prejuízos para a saúde física e mental.

Como buscar ajuda

Para prevenir o suicídio uma das principais medidas é procurar ajuda profissional. No sistema público, a porta de entrada para o acolhimento de pessoas com algum transtorno mental são as unidades básicas de saúde. Os serviços públicos de saúde mental de Santa Catarina contam com 110 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em diversos municípios e diferentes modalidades. Nessas estruturas são atendidas pessoas que vêm em demanda espontânea, incluindo as que têm distúrbio psiquiátrico, pensamento suicida e tentativa de suicídio.

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Para o secretário de Estado da Saúde, André Motta, o diálogo sobre o tema capacita o profissional da saúde e prepara a população. “O conhecimento das pessoas sobre o tema é o que muitas vezes encaminha uma pessoa com ideações suicidas para o tratamento profissional adequado. Cada vida é valiosa e por isso nós, em conjunto com outros órgãos do Estado, trabalhamos para que toda a esfera pública se sensibilize sobre o tema”, ressalta.

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Outro importante aliado na prevenção do suicídio é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional gratuitamente, de forma voluntária, 24 horas por dia, por telefone 188, e-mail ou chat pelo site da instituição.

Além de buscar ajuda profissional, também é possível ajudar a prevenir quadros mais graves com atitudes simples, como a escuta ativa. A ferramenta consiste em oferecer um lugar em que a pessoa se sinta segura para conversar, explica a médica Lígia Castellon. “É uma escuta que realmente ouve e compreende o que o outro diz. Se você perceber que a pessoa não se sente à vontade para se abrir, deixe claro que você estará disponível para conversar em outras oportunidades, ofereça suporte emocional e informe sobre a ajuda profissional. Pode ser necessário contatar serviços de saúde mental, familiares e amigos da pessoa, caso você perceba que não pode oferecer a ajuda adequada”. 

Outras atitudes que podem ajudar na prevenção é a criação de uma rotina adaptada à realidade da pandemia para auxiliar no foco e no controle emocional. A prática de exercícios, uma alimentação balanceada e o contato, mesmo que remoto, com o ciclo familiar e de amigos pode reduzir a sensação de solidão e a ansiedade. Esses hábitos estimulam a produção de serotonina e diminuem o estresse. A enfermeira Lidiane lembra que transtornos mentais são um problema de saúde como qualquer outro e requerem ajuda profissional.

Papel da escola na prevenção

Em Santa Catarina, 1523 crianças e adolescentes tentaram se suicidar em 2019, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), do Ministério da Saúde. Os registros de automutilação, mais frequentes na faixa etária entre 10 e 19 anos, também acendem o alerta. Neste contexto, o papel da escola na identificação dessas crianças e adolescentes para prevenção de casos mais graves é fundamental. Essa é a função do Núcleo de Educação e Prevenção (NEPRE), que combate as violências contra estudantes da rede pública estadual de Santa Catarina por meio da educação e prevenção.

A coordenadora estadual do NEPRE, Rosimari Koch Martins, afirma que a pandemia pode intensificar alguns comportamentos auto destrutivos. “Apesar do aumento de tempo de convivência entre os familiares e de muitas coisas boas, também pode trazer o aumento de conflitos, afetando principalmente a saúde mental. Diante disso, pode-se desenvolver quadros de estresse, ansiedade e depressão, atingindo sobretudo crianças e adolescentes”.

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A falta constante ou queda no desempenho escolar podem indicar um problema com o estudante. Nestes casos, os coordenadores dos NEPRE são responsáveis por entrar em contato com a família ou com os órgãos de proteção da infância e juventude. Com a pandemia, no entanto, Rosimari ressalta que os pais são os maiores aliados para identificar se o aluno precisa de ajuda.

Neste ano, a Secretária da Educação (SED) deu mais um passo na prevenção ao suicídio entre crianças e adolescentes. No início de 2020, foi incluído no NEPRE online uma aba que permite quantificar os números que dizem respeito à saúde mental dos estudantes da rede pública. A ferramenta possibilita que educadores registrem os dados de violência e, por meio da base de dados, o poder público construa ações e políticas públicas para a proteção dos estudantes.

Dentre os esforços da SED para prevenir o suicídio, está a constante atualização sobre o tema para capacitar os educadores a lidarem com o assunto. No site da secretaria, é disponibilizado materiais de apoio online para orientação de pais e professores. 

O trabalho do NEPRE se instituiu enquanto Política Estadual de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às violências na escola em 2011. Desde então, atua de forma integrada e intersetorial em parceria com setores da saúde, justiça, segurança pública, assistência social, conselhos tutelares, ministério público e demais parceiros.

Fonte:

Secom

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