SC tem mais de 47 mil pessoas vivendo com HIV e preconceito ainda é desafio

Neste ano, até novembro, foram 2,7 mil novos casos no Estado.

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Divulgação
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Cerca de 47 mil pessoas vivem com HIV em Santa Catarina, e entre os que tiveram a infecção confirmada este ano, a maioria é homem. Até novembro de 2023, foram 2.746 novos casos, e destes, 1.555 são homens. A faixa etária mais infectada é a de jovens entre 20 e 29 anos.

Dezembro marca uma campanha nacional de conscientização, prevenção e luta contra o HIV/Aids. A médica infectologista e gerente de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), Aids e Hepatites Virais, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC), Regina Valim, reforça a importância da prevenção.

A camisinha continua sendo a maneira mais acessível e eficaz de evitar não só o HIV, mas também outras ISTs, mas além dela existem outras formas de prevenir a infecção, como a Profilaxia Pré-Exposição, a testagem, o tratamento. Então, é importante que a pessoa, além de usar preservativo nas relações sexuais, faça testes regularmente e, eventualmente, em caso positivo, realize o tratamento de forma adequada, enfatiza. 

Valim ainda comenta o aumento dos casos, que, segundo ela, já não é tão alarmante quanto foi no começo da pandemia do vírus, na década de 1980. Epidemiologicamente falando, o Estado alcançou uma estabilidade em relação ao HIV. O avanço nas tecnologias de tratamento, prevenção e conhecimento colaboram com esse dado.


Preconceito é combatido com informação

A questão de estigma e discriminação ainda existe, infelizmente, por mais que se tenha divulgado bastante, diz a médica infectologista. O preconceito, no entanto, já não é como no surgimento da doença.

Se tem trabalhado para isso diminuir, até porque a gente tem mostrado esses avanços de tratamento, diagnóstico e de qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV.

Regina Valim reforça: “A única forma de evitar continuidade do preconceito é com a informação”. Para ela, educação desde cedo é uma das ações que ajudam a acabar com o estigma, para que os números de infecções diminuam.

A gente cada vez tem que informar mais, tem que falar de sexualidade, tem que falar de IST, entre elas o HIV, nas escolas, na formação desses meninos e meninas. Tem que fazer parte de currículo escolar e, com naturalidade e com seriedade, informar a população. Só assim vamos conseguir combater o estigma, quando abordarmos todas essas questões de forma muito clara e sincera, e sem criar mitos e com base científica.

Tratamento aumenta qualidade de vida

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Marcelo Pacheco de Freitas é membro da Rede Nacional de pessoas vivendo com HIV/Aids e reforça a importância das campanhas de conscientização para conter o avanço da pandemia da doença. Como consequência disso, os avanços com a medição e do tratamento possibilitam a maior qualidade de vida à quem vive com o vírus.

Sempre buscamos a qualidade de vida, e essa medicação nos proporciona longevidade, estamos envelhecendo.

Do total de pessoas que vivem com o vírus no Estado, 99,5% fazem o tratamento com antirretrovirais. Segundo Valim, quanto mais precoce o diagnóstico (através dos testes rápidos, por exemplo, disponíveis nas unidades de saúde), mais rápido começa o tratamento.

Pessoas em tratamento ficam com a carga viral indetectável, ou seja, não transmitem o vírus para outras pessoas e nem para os bebês, no caso das gestantes, conclui.

A Profilaxia Pré-Exposição, ou PrEP, também está disponível para a população e pode ser usada por aquelas pessoas que podem ter contato com o HIV. Já a PEP, Profilaxia Pós-Exposição, pode ser usada por quem já se expôs ao vírus, até 72 horas após o risco.

É de fundamental importância que a gente continue na prevenção, reforçando o estágio indetectável, pois esse é o primeiro ponto para controlarmos a expansão do vírus, conclui Marcelo.


Métodos de prevenção ao HIV

  • Camisinha: a camisinha masculina ou feminina deve ser utilizada em todas as relações sexuais. Os preservativos estão disponíveis gratuitamente nos serviços de saúde para toda a população;
  • Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP): indicada para aquelas pessoas com parceiros soropositivos, por exemplo. Consiste na ingestão diária de um comprimido que impede que o HIV infecte o organismo antes mesmo da pessoa ter contato com o vírus;
  • Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP)
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    : indicada para pessoas que passaram por uma situação de risco, como ter feito sexo sem camisinha ou ter sofrido um abuso sexual. Consiste no uso de medicamento em até 72 horas após a exposição, devendo ser continuado por 28 dias:
  • Testagem: os testes para detecção de Infecções Sexualmente Transmissíveis devem ser realizados regularmente. Existem testes rápidos que podem ser feitos nas unidades básicas de saúde de forma segura e sigilosa e ficam prontos em até 30 minutos. Gestantes devem ser testadas para o HIV durante o pré-natal e no momento do parto para evitar a transmissão do vírus para o bebê;
  • Tratamento: o tratamento da pessoa que vive com HIV é essencial para evitar o desenvolvimento da Aids. Se realizado de forma correta, o tratamento faz com que a pessoa fique com a carga viral indetectável, ou seja, intransmissível.

Todos os métodos são oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Fonte:

NSC

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