SC é o Estado com maior incidência de câncer de pele do Brasil; saiba como se prevenir
Incidência no Estado é mais do que o triplo da média brasileira, conforme Inca.
Tumor de maior incidência no Brasil, o câncer de pele é motivo de alerta em Santa Catarina. Somos o Estado com a maior incidência de melanoma (o tipo mais grave do câncer de pele) do país. Segundo uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 2023 deve fechar com uma taxa de 13,91 casos por 100 mil habitantes, mais do que o triplo da média brasileira, que é de 4,13 casos por 100 mil habitantes.
Com a chegada do verão, a Sociedade Brasileira de Dermatologia lançou a campanha de conscientização Dezembro Laranja. O projeto chama a atenção para a prevenção e diagnóstico precoce da doença, cuja mortalidade vem aumentando nos últimos anos no Estado.
Em 2022, 313 pessoas morreram vítimas da doença em Santa Catarina, conforme dados da Secretaria do Estado de Saúde. Neste ano, até novembro, o número chegou a 267, sendo 158 homens e 109 mulheres. Veja a tabela a seguir.
Como identificar o câncer de pele
O câncer de pele pode ser dividido em dois grandes grupos. O primeiro é o câncer não-melanoma, representado pelos carcinomas: o carcinoma basocelular, que é a malignidade mais comum na população humana; e o carcinoma espinocelular. O outro grupo de câncer de pele seria o câncer melanoma, que apresenta maior letalidade, especialmente em fases mais avançadas, quando é possível a ocorrência de metástases.
O médico dermatologista Gustavo Moreira Amorim, que atua no Hospital Santa Teresa, em São Pedro de Alcântara, explica que os cânceres de pele raramente apresentam algum sintoma associado às lesões na pele:
O carcinoma vai se manifestar na pele por meio de uma ferida que não cicatriza. Então basicamente é uma lesão erosada, exulcerada (esfolada), que forma uma casquinha que muito facilmente sangra, às vezes ao menor trauma, como secar com a toalha.
Já o câncer da pele melanoma é uma pinta enegrecida que surge a partir de certa idade ou uma pinta antiga que muda muito o seu aspecto. Devem chamar a atenção as pintas enegrecidas que são assimétricas, que têm as bordas irregulares, que têm pelo menos seis milímetros de diâmetro e que mudaram muito, que alteraram o seu tamanho, sua cor, ou que tiveram uma evolução dinâmica em um curto espaço de tempo.
Prevenção
Causado principalmente pela exposição solar excessiva, sem proteção, o câncer de pele atinge com mais frequência pessoas de pele clara, com pintas e manchas, idosos e indivíduos que se expõem muito ao sol ou que têm histórico de câncer de pele na família.
- A Secretaria do Estado de Saúde chama a atenção para uma série de atitudes de prevenção:
- Evitar a exposição excessiva à radiação solar, principalmente entre 10h e 16h;
- usar chapéus, camisetas, óculos escuros e protetores solares;
- cobrir as áreas expostas com roupas apropriadas, como uma camisa de manga comprida, calças e um chapéu de abas largas;
- na praia ou na piscina, usar barracas feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta;
- usar filtros solares diariamente e reaplicar o produto a cada duas horas ou menos, nas atividades de lazer ao ar livre;
- observar regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas;
- manter bebês e crianças protegidos do sol. Filtros solares podem ser usados a partir dos seis meses;
- os trabalhadores que estão expostos à luz solar direta devem redobrar os cuidados com a pele.
Tratamento
Em Santa Catarina, as referências de atendimento de câncer de pele são o Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), localizado em Florianópolis, e o Hospital Santa Teresa, localizado em São Pedro de Alcântara. Na maioria dos casos, o tratamento é realizado com cirurgia.
O dermatologia Gustavo Amorim explica que o procedimento é realizado no próprio consultório, com anestesia local, ou em um centro cirúrgico ambulatorial.
É retirado todo o tumor e mais uma porção de pele normal em volta, para se garantir a maior chance de cura ao final do tratamento cirúrgico. Existem técnicas mais avançadas, especialmente para os carcinomas de alto risco, que são as cirurgias em que as margens são analisadas durante o tratamento cirúrgico, que é a chamada cirurgia micrográfica. Hoje, felizmente, esse tratamento está disponível no nosso Estado. O único hospital vinculado à Secretaria Estadual de Saúde que dispõe dessa capacidade é o Hospital Santa Teresa, cujo tratamento com essa técnica é de altíssimo padrão e atinge taxas de cura próximas a 99%.