Samu SC recebe 2,6 mil chamadas de tentativas de suicídio em 2024

Órgão divulga os dados a fim de combater o estigma e alertar para a importância do auxílio e suporte profissional.

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Foto: Samu, Divulgação
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Neste ano, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Santa Catarina recebeu 2.645 chamadas relacionadas a tentativas de suicídio nas centrais de emergência. Deste número, 1.840 ocorrências foram atendidas pelos socorristas. No mês de setembro, dedicado à campanha de prevenção ao suicídio, o órgão divulga os dados a fim de combater o estigma e alertar para a importância do auxílio e suporte profissional.

Quando acionado, o serviço é prestado pelas unidades de suporte básico (USB), que pertencem ao município, ou pelo suporte avançado (USA), realizado pelo Estado.

Conforme os números, entre janeiro e agosto deste ano, foram atendidos 383 casos de tentativas de suicídio por equipes estaduais. A faixa etária dessas vítimas transita entre 13 e acima de 60 anos. Até os 19 anos foram 59 casos e, entre 20 a 39 anos, está o maior número das tentativas, somando 276 vítimas. 

— São situações extremamente difíceis, que necessitam um atendimento ainda mais humanizado das nossas equipes. Infelizmente, é uma realidade que tem feito parte do dia a dia, e vítimas com idade muitas vezes abaixo dos 30 anos. Nossas estatísticas mostram o quanto a sociedade ainda precisa debater sobre a prevenção do suicídio, pois precisamos urgente estancar esse crescimento nos chamados do Samu — salienta a diretora-geral do Samu, Carla Birolo Ferreira.

Sérgio Scotti, psicanalista e professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reforça que a depressão, que é uma das principais causas das tentativas de suicídio, não escolhe idade e “tem muito a ver com as altas expectativas que a sociedade impõe às pessoas”.

— Uma sociedade menos competitiva e mais acolhedora às nossas diferenças individuais poderia ser um fator de profilaxia às tentativas de suicídio. Um maior acesso aos serviços de saúde mental, como nos Caps [centros de atenção psicossociais], por exemplo, também seria de grande ajuda — diz.

Carla ainda complementa que, mesmo que não haja uma evidência científica comprovada, após a pandemia, houve um aumento do isolamento social que, consequentemente, culminou na redução de diálogos familiares e “mau uso das redes sociais”, aspectos que podem ter influenciado negativamente na incidência dos casos.


 Emergência médica

Carla destaca que a tentativa de suicídio é considerada uma emergência médica, portanto, são deslocadas equipes compostas por médico, socorrista condutor e enfermeiro.

Assim que é feito o atendimento pré-hospitalar no local da ocorrência, o paciente é levado para os serviços da rede pública, como as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou pronto-socorro de hospitais.

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— Todos os profissionais que estão na linha de frente recebem treinamentos e capacitações, adotando escuta ativa, também procedendo com as normativas institucionais quanto ao manejo desse caso tão delicado — explica a diretora-geral do órgão.


Ficar atento aos sinais e buscar ajuda profissional

Após receber alta, Carla afirma que o paciente é orientado a buscar ajuda e recebe o encaminhamento direcionado ao centro especializado. O psicanalista Sérgio Scotti reforça a importância dos Caps e do apoio profissional para a prevenção aos casos de suicídio e o tratamento da depressão.

— [Também é importante] a família dar suporte, principalmente ouvindo a pessoa que fez ou poderia fazer a tentativa, sem julgamentos morais ou de qualquer outra espécie — pontua.

A diretora-geral do Samu também reforça a importância do diálogo e do acolhimento a fim de prevenir um desfecho desfavorável. Por isso, o amparo psicológico é necessário tanto para quem atende quanto para quem é atendido.

— Temos a necessidade e precisamos orientar todo cidadão, sobre a importância de observar os sinais que possam levar à tentativa de suicídio. Os cuidados com a saúde mental são muito importantes para preservar a vida — evidencia.

Fonte:

NSC

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