Policial civil de SC teria sido morto com mais de 20 facadas

Informação é de ex-delegado e amigo próximo da família que esteve na casa momentos após a morte do policial.

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Neife foi encontrado morto no quarto da filha, com golpes de faca – Foto: Marcos Lewe / Rádio 103 FM/ND
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“Estava em casa quando um amigo me avisou o que havia acontecido. Na hora não acreditei e liguei para o delegado regional para confirmar a informação. Então, fui até a casa do Neife“.

O relato é do deputado estadual, ex-delegado e amigo próximo da família, Maurício Eskudlark.

Ele esteve na casa do policial civil Neife Luiz Werlang, de 46 anos, momentos após ele ser assassinado com golpes de faca na casa em que morava, em São Miguel do Oeste, no Extremo-Oeste de Santa Catarina.

O deputado conta que a primeira suspeita seria de que Werlang havia sido vítima de uma vingança ou latrocínio. Mas, pela situação do crime, por ter ocorrido no quarto da menina, e pelo número de facadas, não parecia nenhuma dessas hipóteses.

“Segundo informações extraoficiais, porque não vi o laudo, seriam seis ou sete facadas na região do pescoço e mais aproximadamente 20 facadas na região do tórax na parte mais baixa do estômago”, disse o deputado.

“Uma família em harmonia”

Eskudlark afirma que conhecia Werlang desde quando ele era jovem e mantinha amizade com a família. Ainda sem acreditar no que aconteceu, o deputado relata que ele, a esposa e a filha aparentavam ser uma família que vivia em harmonia.

Porém, a filha do policial, de 12 anos, é a principal suspeita de cometer o crime com a ajuda de uma amiga de 13 anos. “Ele foi encontrado pela esposa que chamou os bombeiros e a polícia. Ela falou que quando saiu de casa a filha ficou com o pai, mas quando voltou encontrou o pai naquele estado e a filha não estava”, relatou o deputado.

Conforme relato de Eskudlark, a menina teria chegado por volta das 22h30 e dito que estava com uma amiga, mas não sabia explicar direito onde estava, se contradizendo. Ela e a mãe foram levadas à delegacia, bem como a suposta amiga, para colher mais informações.

Durante a madrugada, as adolescentes teriam confessado o crime. De acordo com o deputado estadual, aparentemente, pelo que foi divulgado pela nota oficial expedida pela Polícia Civil sobre a investigação, a adolescente teria dado a entender que a intenção seria matar o pai e a mãe.

“Parece que na cabeça delas, elas iam viver na casa. Um negócio realmente absurdo que elas acabaram criando na cabeça”, observa o ex-delegado.

Mudança de comportamento

A amiga, que também tem suspeita de participação no crime, era uma colega de escola da filha de Werlang, mas que não tinha muita ligação com a família da adolescente.

“A única coisa que a mãe falou é que ela teria falado em comprar uma adaga, mas que era um tipo de amuleto de uma série que ela viu. A mãe disse que estranhou, principalmente por uma menina pedir algo nesse sentido, e que não ia comprar”, conta o deputado.

Na última semana, a mãe também teria dito que percebeu que a menina estava mais fechada e ficou mais tempo no quarto.

“Quanto ao Neife, ele era um cara tranquilo, uma pessoa de bem, de boa educação. Todos os policiais gostavam dele e, atualmente, era novamente presidente da Associação dos Policiais da Fronteira. Era um cara prestativo, sempre pronto e bacana igual à família, que era muito respeitosa”, afirma.

Crime brutal

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Werlang foi encontrado morto no quarto da filha na noite de sexta-feira (15). A DIC (Divisão de Investigação Criminal) apurou que o ataque foi planejado pela filha do agente e uma amiga, que confessaram o crime e foram apreendidas.

A morte do agente policial está sendo investigada sob extremo sigilo, inclusive a pedido do Delegado-Geral da Polícia Civil, Marcos Flávio Ghizoni Júnior ao Delegado Regional de São Miguel do Oeste, Wesley Andrade.

“Por ordem do Delegado-Geral, não podemos mais nos manifestar sobre o caso. Lamento”, disse Andrade.

Uma fonte exclusiva do ND+ revelou que as adolescentes teriam idealizado o crime inspirado no caso Suzane Richthofen, que planejou o assassinato dos pais Manfred Albert von Richthofen e Marísia von Richthofen.

A reportagem descobriu que as adolescentes revelaram a inspiração em documentários que tratavam Suzane Richthofen como uma celebridade vítima da sociedade, por isso as adolescentes acreditavam que alcançariam a fama como Richthofen. O delegado que investiga o caso disse que não tem essa informação.

Ainda de acordo com a apuração do ND+, as adolescentes planejavam matar a esposa do policial também, mas não conseguiram. Nos bastidores das investigações, já na delegacia, as adolescentes não se mostraram arrependidas e questionavam se ficariam famosas como Richthofen.

A filha do agente policial pediu à Justiça autorização para comparecer ao velório do pai, o que foi negado pelo juiz com a alegação de que “o caso é de grande comoção social, devendo-se preservar, inclusive, a integridade física da adolescente”.

O despacho do juiz considerou ser “difícil até achar palavras para negar pedido tão impróprio, numa hora igualmente tão imprópria”. O texto diz, ainda, que, “ao desferir as facadas como fez, ela já se despediu do pai”.

Onde estão as adolescentes?

As duas adolescentes estão internadas no Case (Centro de Atendimento Socioeducativo), em Chapecó, no Oeste catarinense, à disposição do Poder Judiciário.

A SAP (Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa) informou que as duas adolescentes foram apreendidas em São Miguel do Oeste e, no sábado (16) à tarde, já estavam sob responsabilidade do Dease (Departamento de Administração Socioeducativa).

As meninas deixaram a Delegacia da Polícia Civil no Extremo-Oeste em um carro com vidros escuros da SAP, escoltado por uma viatura policial. A identidade delas não foi revelada. O caso está a cargo da Vara da Infância e Juventude da comarca de São Miguel do Oeste.

Fonte:

ND+

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