Polícia Civil conclui inquérito de acidente com três mortes na BR-282 em Ponte Serrada
Delegado diz que “disputa automobilística” contribuiu para tragédia no dia 21 de setembro.
O delegado Vinícius Benedet Brandão concluiu o inquérito sobre o acidente que provocou a morte de três pessoas no dia 21 de setembro em Ponte Serrada. De acordo com o responsável pelas investigações realizadas pela Polícia Civil, uma “disputa automobilística” contribuiu para a tragédia. O documento já foi entregue ao Fórum da comarca de Ponte Serrada.
“Conseguimos identificar duas testemunhas que presenciaram que o veículo Santana estaria em uma disputa automobilística com um veículo Golf segundos antes do acidente [...]. Identificamos a disputa automobilística pelas testemunhas e também por uma imagem que conseguimos captar dos dois veículos passando em alta velocidade [...]. No momento do acidente, tudo indica que o Santana estava tentando fazer a ultrapassagem do Golf”, disse Vinicius em entrevista na tarde desta sexta-feira, dia 1º.
Conforme o delegado, a imagem mostra o Santana logo atrás do Golf em um trecho da BR-282 pouco antes do local onde o Santana invadiu a pista contrária e bateu de frente com uma Saveiro. “Para o pessoal entender, o racha não consiste somente em emparelhar lado a lado, mas sim qualquer tipo de disputa automobilística realizada fora de um local adequado, ou seja, você pode ter um carro na frente e outro trás, em alta velocidade, disputando quem chega primeiro em determinado local”, explicou.
O acidente ocorreu no final da tarde do dia 21 de setembro, a cerca de 500 metros do trevo principal da BR-282 em Ponte Serrada. Morreram o jovem Dídion Lucca Sartori, de 21 anos, que dirigia o Santana, e o casal que estava na Saveiro, Carlos Lamonato, de 53 anos, e Maria Sueli de Azeredo, de 62. Ao longo das investigações, a Polícia Civil ouviu dez testemunhas, além de realizar outros levantamentos.
Indiciamento
“Minha conclusão foi pelo indiciamento do condutor do veículo Golf pelo crime de racha com resultado morte. Ou seja, não significa que o condutor quis a morte, mas sim que o racha contribuiu para que ocorresse a colisão. Ou seja, se a disputa automobilística não estivesse ocorrendo, provavelmente não teríamos tido a colisão [...]. Esse foi o meu entendimento. Nada impede que o Ministério Público entenda de forma diferente, bem como o poder Judiciário entenda de forma diferente”, ponderou Vinicius.
O delegado também informou ter identificado, por meio de testemunhas, que o motorista do Santana ingeriu bebida alcóolica em locais frequentados antes do acidente. “Mas eu não tenho como afirmar que ele estava embriagado no momento do acidente. Provavelmente contribuiu, mas não tenho como dizer que ele estava com a capacidade psicomotora alterada”, reforçou, informando que o resultado de um exame toxicológico ainda não chegou à Polícia Civil.
Velocidade
O delegado também afirmou não ter sido possível apurar a velocidade do Santana no momento do impacto. No entanto, segundo Vinicius, em depoimento, o motorista do Golf, de 21 anos, que seguia na frente, relatou estar a 120 km/h. “Então quer dizer que o condutor do Santana também estava acima da velocidade. No meu entendimento, ele [motorista do Santana] veio a se perder porque estava numa disputa tentando alcançar o outro carro que estava à frente”, assinalou.
Vítimas
O jovem Dídion era acadêmico do curso de engenharia civil e se formaria no final de 2020. Já Carlos e Maria estavam seguindo para casa depois de uma visita aos filhos. O casal vivia junto há 28 anos, segundo familiares. Os dois eram pais de oito filhos.