Polícia Civil acusa PM de usurpar funções

As relações entre as policiais civil e militar não andam bem em Santa Catarina.

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As relações entre as policiais civil e militar não andam bem em Santa Catarina. Agora as divergências estão se tornando públicas e colocando frente a frente as entidades que tem a função de defender e garantir segurança a população.

A Polícia Civil, através de suas entidades representativas, está realizando manifestações. A alegação é de que PM está efetuando procedimentos ilegais e inconstitucionais e que não são de sua responsabilidade. Na manhã desta quarta-feira, 03, em Joaçaba, o Delegado Regional de Polícia, Ademir de Oliveira, falou sobre a polêmica. Acompanhado por delegados de comarcas da região, criticou duramente a forma como a Polícia Militar vem agindo, o que classificou de “volta do regime ditatorial, em que a PM está levando cidadãos para serem interrogados no quartel, sem as garantias constitucionais. Por exemplo, a de ter um advogado acompanhando os procedimentos”. O delegado disse que a tão falada integração entre os órgãos de segurança pública nunca existiu. “Cada um trabalha no seu prédio. Isso não é integração, ela nunca existiu”. A principal reclamação é de que funções exclusivas da polícia civil, como a confecção de boletins de ocorrência, termos circunstanciados e investigações, estão sendo feitas pela PM. “Todo oficial que aparecer na delegacia com usurpação de função será processado. Acabou a hipocrisia”. Disparou o delegado regional. Os delegados também criticaram o que chamaram de “burocratização da PM”. “Quanto mais a PM burocratiza seus trabalhos, menos policiais ficam nas ruas. O correto é a polícia civil realizar o trabalho burocrático, receber o preso e dar os encaminhamentos, e o PM voltar imediatamente para a rua. Isso não vem acontecendo”. Nas últimas semanas, a relação conflituosa ganhou força com a instalação do novo sistema informatizado de ocorrências para a PM, Bombeiros e Samu. Um dossiê com documentos relatando casos ocorridos no Estado nos últimos anos foi entregue no tribunal de justiça. Segundo a denúncia houve atuação irregular de PMs como pedidos de buscas ou interceptações telefônicas ao Judiciário, ordem de comando para representação contra delegados, investigações feitas sem inquérito da Polícia Civil, prisões por desacato mediante abuso de autoridade, liberação de carro roubado, registros de furtos na delegacia seis dias após o fato e de PMs fazendo exames periciais e laudos. Todos os problemas estariam dificultando as ações da polícia civil. “Recebemos boletins de ocorrência enviados pela PM com 10, 15 e até 30 dias de atraso. A população cobra que tenhamos algumas respostas, mas quando entramos na investigação, após todo esse atraso, já não há mais muito que fazer”. Comentou o delegado Maurício Pretto. Segundo o delegado Ademir, a iniciativa de convocar a imprensa é uma forma de tentar atingir a sociedade e trazer os problemas à tona. “É hora da sociedade se revoltar e exigir segurança”. Desde que as denúncias foram feitas o comando da PM ainda não se manifestou.

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