Os números da Segurança Pública e da Criminalidade de Chapecó foram reunidos em um documento, o 1º Anuário de Segurança Pública de Chapecó. As estatísticas e informações foram apresentadas a comunidade na manhã desta sexta-feira (06) em um evento que aconteceu no auditório da Prefeitura de Chapecó e reuniu autoridades, membros da Segurança Pública, imprensa e comunidade. 

O documento foi produzido pelo Promotor de Justiça Simão Baran Junior e foi organizado analisando números de fontes fidedignas e anos de base de dados, tornando-se um Estudo inédito quando levado em conta a abrangência municipal. As análises do Ministério Público de Santa Catarina, através de sua Promotoria de Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial, juntamente com o CONSEM – Conselho de Segurança do Município de Chapecó. 

O presidente do Conselho de Segurança do Município, Márcio Bueno, destacou especialmente o trabalho dos homens e mulheres que trabalham todos os dias para garantir a segurança dos chapecoenses. “Mesmo com pouco efetivo e incentivo, se dedicam todos os dias nas funções que exercem”, destacou. Além disso, ele disse que esses números apresentados, irão nortear as ações dos órgãos de segurança pública. “Com esses números, conseguimos organizar focar melhor e organizar nossas ações”, afirmou. 

O Procurador Geral do Município de Chapecó, Jauro Sabino Von Gehlen, afirmou que Chapecó vive um momento na segurança pública que merece destaque e que poderá se tornar modelo para o país. “Aqui em Chapecó todas as forças de segurança andam de mãos dadas e isso reflete nos números e ações positivos”, disse. 

Roger Natan de Lima – Diretor de Segurança Pública de Chapecó disse que o documento é importante para prestar contas do setor de segurança e do judiciário. Para ele, os resultados mostram e comprovam que a segurança pública tem sido muito eficiente e tem trazido grandes resultados e nos colocam em uma situação positiva a nível de Brasil. “A integração das forças de segurança em Chapecó é muito grande e isso tem se apresentado nos números e na efetividade nas ações”, afirmou. 

Dados apresentados

Importante destacar que o Anuário apresenta números especialmente de homicídios, roubos e abusos sexuais. O Promotor de Justiça Simão Baran Junior, destaca que para os crimes de homicídio e roubo, a taxa de esclarecimento de homicídios em Chapecó alcança 90%, patamar de países europeus. Ele afirma ainda que no ano passado, Chapecó teve a menor taxa, dos últimos 30 anos, com uma taxa de 10 mortes para cada 100 mil habitantes. 

Na parte dos roubos, ele afirma que Chapecó apresenta uma taxa de esclarecimento significativo, cerca de 17%. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse número é de 23%. Os registros desse crime estão diminuindo 70% de 2017 até hoje. “São dados que refletem o trabalho das forças de segurança e das ações preventivas”, comentou. 

Entrevista com o Promotor de Justiça Simão Baran Junior.

Qual é o principal objetivo do anuário? 

O principal objetivo é permitir um entendimento mais apurado da realidade da segurança pública de Chapecó, identificando o que está funcionando (e temos bons exemplos) e o que precisa ser melhorado ou corrigido. Com o tratamento qualificado dos dados será possível o refinamento e controle das políticas públicas de segurança em Chapecó, por meio da prevenção focada nos fatores de risco e de proteção de cada crime. Também será possível melhorar a repressão penal, ao se acompanhar o que acontece com os registros policiais, até o final do processo criminal. 

O que as pessoas vão encontrar nesse documento? Qual é o diferencial dele?  

O anuário unifica as bases de dados policiais e judiciais para os crimes de homicídios, roubos e abusos sexuais. Com isso, podem ser calculadas e divulgadas informações inéditas no país, tais como a taxa de esclarecimento (percentual dos registros de determinado crime em que ao menos um autor do fato é levado a julgamento na justiça criminal) e taxa de punição (percentual dos registros de determinado crime em que ao menos um autor do fato é condenado). Também estarão disponíveis dados sobre o cometimento do crime e sobre as vítimas e autores, permitindo identificar fatores de risco e de proteção. 

Qual é a importância de coletar e classificar esses dados?  

O paradigma mais moderno na segurança pública é o da segurança baseada em evidências, isto é, as políticas públicas de segurança precisam estar baseadas em modelos e práticas testadas cientificamente. Para isso, é preciso melhorar o tratamento dos dados atualmente disponíveis. Com as informações coletadas, é possível acompanhar o fluxo dos processos no sistema de justiça criminal e entender a resposta penal a cada crime. Esse fluxo pode ser visualizado na forma de um funil. Cada crime possui um funil diferente. 

Por que é importante divulgar esses dados para a imprensa e para a população? 

O Brasil tem uma carência grande de dados e informações no campo da segurança pública. Os dados divulgados trazem mais transparência e ajudam a imprensa e a população a entender melhor o complexo cenário da segurança pública. Com a qualificação dos dados a imprensa e a população vão poder fiscalizar melhor as políticas públicas de segurança. Em razão do consumo de informações da imprensa de outros estados, algumas pessoas podem ter uma percepção equivocada acerca do fenômeno da segurança pública aqui em Chapecó.