Mulheres ainda ganham 21% menos que homens, diz IBGE
Entre as pessoas empregadas de 25 a 49 anos, a média salarial feminina é de R$ 2.050 e dos homens, de R$ 2.579.
O rendimento financeiro das mulheres é, em média, 20,51% menor que o dos homens no país. É o que aponta levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta sexta-feira, 8, quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher.
A disparidade entre os rendimentos médios mensais de homens (2.579 reais) e mulheres (2.050 reais) ainda é de 529 reais. A menor diferença foi de 471,10 reais em 2016, quando as mulheres ganhavam 19,2% menos. O estudo foi elaborado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Os dados são relativos ao quarto trimestre de 2018 e consideraram pessoas entre 25 e 49 anos.
Dois outros fatores explicam essa diferença no rendimento médio entre os sexos. As mulheres trabalham menos horas (37h54min) que os homens (42h42min), além de receberem valores menores (13 reais) que seus pares masculinos (14,20 reais) por hora trabalhada.
Segundo a analista da coordenação de trabalho e rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, essa jornada não reflete o que a mulher trabalha em todo o seu dia. “A menor jornada da mulher no mercado de trabalho está associada às horas dedicadas a outras atividades, como os afazeres domésticos e os cuidados com pessoas.”
Segundo o estudo, questões culturais e estruturais também afetam a participação das mulheres no mercado de trabalho. De um total de 93 milhões de ocupados, a maioria é homem, com 56,2% da participação (52,1 milhões). As mulheres representam 43,8% dos trabalhadores do país (40,8 milhões).
“A mulher acaba tendo participação maior na população desocupada e na população fora da força de trabalho. Temos muitas procurando trabalho ou na inatividade, ou seja, não procuram emprego, por inúmeras questões”, explica Adriana.
Diferença em todo o mercado de trabalho
Quando a comparação entre os rendimentos das mulheres e dos homens é feita de acordo com a ocupação, o estudo mostra que a desigualdade é disseminada no mercado de trabalho, embora varie de intensidade. “A mulher acaba tendo participação maior na população desocupada e na população fora da força de trabalho. Temos muitas procurando trabalho ou na inatividade, ou seja, não procuram emprego, por inúmeras questões”, explica Adriana.
“O que temos nas ocupações é que de modo geral, na grande maioria, as mulheres ganham menos. Nas ocupações que selecionamos para o estudo, as mulheres ganham menos em todas. As maiores proximidades de rendimento, ainda que não haja igualdade, ocorreram no caso dos professores do ensino fundamental, em que as mulheres recebiam 9,5% menos que os homens”, cita Adriana.
Outros casos de destaque pela menor distância entre os rendimentos são os dos trabalhadores de central de atendimento e dos trabalhadores de limpeza de interiores de edifícios, escritórios e outros estabelecimentos, em que as mulheres recebiam 12,9% e 12,4% menos que os homens, respectivamente.
Já entre as ocupações com a maior desigualdade, podem ser destacados os agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e dos gerentes de comércio varejista e atacadista, em que mulheres recebem 35,8% e 34% menos que os homens, respectivamente. Profissões tradicionais como médicos especialistas e advogados também sofreram com a desigualdade: elas recebiam 28,2% e 27,4% menos, respectivamente.