Incidência de casos de lábio leporino alerta para necessidade de formação de profissionais no Meio-Oeste
Grupos que trabalham em prol de um atendimento especializado ampliado começam a estruturar operação em Joaçaba.
Você já ouviu falar em fissura labiopalatina? Também conhecida como lábio leporino, é uma malformação em que o lábio superior e/ou o céu da boca não se desenvolvem completamente. Essa condição reflete principalmente na dificuldade de alimentação e prejuízo no desenvolvimento da fala e da audição, além da questão estética e até emocional.
Estudos indicam que em Santa Catarina cerca de 20 pacientes são diagnosticados por ano e no Brasil a doença afeta uma criança a cada 650 nascidas. Para garantir melhor qualidade de vida dessas pessoas, o tratamento necessita ser multidisciplinar, com a participação de diferentes profissionais da saúde, como dentistas, fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas e cirurgiões plásticos.
No Meio-Oeste, ainda não há um atendimento especializado para dar suporte à demanda de fissura labiopalatina e os casos precisam ser direcionados para o Norte do Estado ou para a Capital. “São muitas vezes bebês recém-nascidos, crianças que precisam de toda uma estrutura para encarar um deslocamento de quilômetros, de horas”, avalia Guilherme Omizzolo, cirurgião-dentista bucomaxilo com vasta experiência internacional.
O objetivo é montar uma operação em Joaçaba, a exemplo do que aconteceu em Chapecó e vem dando um excelente resultado na região Oeste. Desde fevereiro de 2020, a Unochapecó, por meio da Clínica Integrada de Saúde, oferece atendimento odontológico básico às crianças com lábio fissurado. Na unidade, são realizados diversos procedimentos primários que diminuem a necessidade de deslocamentos até Joinville.
“Temos um hospital bom, com espaço e ótimos profissionais na região. Ou seja, temos todas as condições necessárias. Só precisamos formar um grupo que abrace a causa”, avalia Omizzolo.
Aqui no Estado, o Núcleo de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Palatais Prefeito Luiz Gomes, o Centrinho, de Joinville, é referência no tratamento. Com 33 anos de operação, a unidade contabiliza mais de 5 mil pacientes fixos, sendo que a cada mês são mais de 1500 pessoas assistidas em diferentes especialidades.
Em Florianópolis, o Hospital Infantil Joana de Gusmão conta com o Serviço Joaninha, que contempla o tratamento de crianças com deformidades craniofaciais congênitas, ou seja, aquelas que acometem o crânio e a face.
No Oeste de Santa Catarina, a relação entre a Unochapecó e o Centrinho de Joinville para padronização no atendimento foi intermediada pelo Salah Shriners, uma associação sem fins lucrativos, que atua buscando meios e recursos para facilitar e dar suporte ao tratamento de crianças de 0 a 18 anos em diferentes especialidades da saúde.
“Nós queremos aproveitar essa parceria com os Shriners para buscar também conhecimento e treinamento para os profissionais em hospitais que são referência nos Estados Unidos, tornando nosso grupo ainda mais forte e capacitado para os atendimentos”, conclui Omizzolo.