Florianópolis pode deixar de ser a capital de Santa Catarina?
Florianópolis pode deixar de ser a capital de Santa Catarina?
Já considerou a hipótese de Florianópolis não ser mais a capital de Santa Catarina? Esta é justamente a proposta de um grupo que pretende iniciar a discussão sobre a transferência da capital para o centro do Estado. Com a mudança, a estrutura administrativa catarinense ficaria na região de Lages, na Serra.
A Comissão Pró-transferência da Capital surgiu a partir das discussões de um grupo que, há cerca de dois anos, se reúne para debater o assunto. Segundo os integrantes, o fato de o centro-político catarinense estar localizado em Florianópolis é um dos principais motivos do fenômeno da litoralização, já que a maior parte dos investimentos se concentraria próximo à Capital. — Por exemplo, foi anunciada a construção de mais um hospital de alta complexidade em Florianópolis, o que acabará incentivando ainda mais a ambulancioterapia — cita o presidente da comissão, Edenir Silva. Silva considera inconcebível um cidadão ter de percorrer até 700 quilômetros para chegar à Capital, seja para resolver questões burocráticas ou para receber atendimento de Saúde. Por isso, segundo ele, o grupo defende a transferência para o eixo compreendido entre as cidades de Lages, Correia Pinto, Ponte Alta e Curitibanos, o que permitiria a todos os catarinenses ficar a mesma distância da capital catarinense. Além disso, a avaliação do movimento é que Florianópolis está próxima da inviabilidade urbana. Silva explica que a cidade não tem mais para onde crescer e que cada vez serão necessários mais recursos para garantir a mobilidade. — Temos um estudo que mostra que, nos próximos anos, terão de ser investidos cerca de R$ 15 bilhões para viabilizar Florianópolis como capital. Já se fala em quarta ponte, túnel aquático, quinta ponte. É um saco sem fundo. Por que não direcionar estes recursos, aos poucos, para o Centro e começar a descentralizar o desenvolvimento. A transferência não precisa ser feita toda de uma vez, mas de forma paulatina — defende o presidente da comissão. Debates com a população O grupo diz ter consciência de que a transferência da capital é um projeto caro e de longo prazo, mas entende que a discussão precisa ser iniciada. Por isso, o objetivo da comissão é começar a debater o assunto com a população para, na próxima eleição (2014), eleger uma bancada centralista. Aos deputados comprometidos com a causa caberia fazer os encaminhamentos legais para a realização de um plebiscito que consultaria os catarinenses sobre a proposta de mudança. A ideia é desenvolver uma estratégia para evitar os erros cometidos no início da década de 1990, quando o assunto foi discutido pela primeira vez em Santa Catarina. Segundo o deputado federal Onofre Agostini (DEM), a Constituição estadual de 1989 tinha um artigo que previa a realização de um plebiscito para consultar a população sobre a mudança da capital. — Na época, como deputado estadual, fiz uma lei para regulamentar este artigo, mas o então deputado Sérgio Grando apresentou uma lei contra a proposta. A votação terminou empatada em 16 a 16 e o presidente, na época o deputado Pedro Bittencourt Neto, votou contra, arquivando o projeto — lembra Agostini. Vinte anos depois, o deputado diz que continua favorável à transferência da Capital. — Florianópolis é uma bela cidade, mas, infelizmente, usada de forma irresponsável. Sou plenamente favorável à mudança.