Fido, meu amigo fiel, e a Leucemia Felina
Um alerta sobre a doença que aumenta em casos a cada ano e causa tristeza e desolação aos apaixonados pelos gatos.
Texto escrito pelo produtor cultural Omar Dimbarre
Gatos são animais que exercem um grande fascínio sobre mim. São enigmáticos, tem personalidade marcante, e são muito amorosos. Apesar de, no momento, ser o tutor somente de uma gata, a Preta, vários passaram pela minha vida e deixaram suas marcas. A história que vou contar é de um gatinho branco e preto, chamado Fido, que deixou muitas saudades, e aproveitar o relato para alertar sobre a Leucemia Felina, ou FeLV (Feline Leukemia Virus), a doença mais terrível que pode acometer um bichano.
Fido era um gato simpático e pacífico, que passou sua vida sem jamais brigar ou se incomodar com outro felino. Era da paz. Chegou ao mundo na manhã do dia 28 de setembro de 2013, e todo desengonçado, com os olhinhos fechados, e morto de fome, foi tateando a barriga da Miminha até encontrar uma mama vaga, se agarrar nela, e então, sugar seu leite. Seus cinco irmãos completaram a ninhada, e cada um deles, achou um lugarzinho pra se ajeitar, e fazer sua primeira refeição.
Um certo dia, Fido estava muito afoito para se alimentar, e todo desajeitado, acabou fazendo algo que sua mãe não gostou, e em represália, deu um chega pra lá nele. Desolado, Fido começou a chorar muito. Miava melancolicamente, sem parar. Ele não se conformava, e foi neste momento que passou a ser chamado de Sofrido. Com o passar do tempo seu nome foi abreviado para Fido. A Miminha, a princípio se mostrou irredutivel, mas ele chorou tanto, que acabou comovendo e convencendo sua progenitora a voltar atrás na sua decisão. Então, Fido se acalmou e voltou a realizar seu passatempo preferido: mamar.
As flores que estampavam a paisagem durante a primavera, foram aos poucos sendo substituídas pelo raios escaldantes do sol de verão, e a chegada da estação mais quente do ano, trouxe junto com ela, a fase mais bonita na vida dos gatinhos: a infância. A brincadeira preferida dos filhotes era correr até uma laranjeira, pular em seu tronco, agarrar-se firmemente, escalar em direção às alturas,
e de lá, feito aves empoleiradas, observar os passáros gorjeando, sentados em galhos afastados e seguros de seus predadores, e contemplar o que acontecia no mundo abaixo de suas patinhas.
E Fido se preparava, saía correndo, tomava impulso, saltava, se agarrava na árvore, mas, sua aventura terminava no momento em que começava, pois o gatinho franzino não conseguia levar seu plano adiante, caía, e retornava ao chão. E tentava de novo, e de novo, e de novo. E nada. O jeito era se consolar, acomodar-se sob a laranjeira, e ficar observando seus irmãos fazendo estrepulias no alto. Fido era o mais fraquinho da família.
Os gatinhos já haviam crescido e deixado os anos tenros da infância pelo caminho, quando de repente, uma mancha branca surgiu em um dos olhos da Miminha. Levei-a na Clínica Veterinária Agro Pet, em Herval d´Oeste, cuja equipe é responsável pelo bem estar dos meus bichanos, e na consulta, além do problema ocular, ela foi dignosticada com anemia. Um tratamento visando melhorar seu estado de saúde foi aplicado, e quando começou a surtir efeito, minha gatinha desenvolveu ascite, que é o acúmulo de água no abdômem. Em seguida, a Feifei, sua filha, também adoeceu. E foi então que veio o veredito.
A FeLV, ou Leucemia Felina, a pior doença que pode acometer um gato, tinha invadido nossa casa. Em seguida, surgiram sintomas na Tchuca-Tchuca, e por fim, Fido também estava contaminado.
A FeLV não tem cura. O vírus destrói o sistema imunológico do hospedeiro, e todas as outras doenças começam a entrar no organismo do animal infectado. O que resta, é aliviar um pouco o tormento com medicamentos. Sofre o bichinho de estimação, e junto, sofre o tutor, ao vê-lo definhando a cada dia que passa.
Em um ano, a Feifei e a Tchuca-Tchuca morreram, e em um ano e meio, a Miminha perdeu o combate. Isto, depois de passarem por um intenso sofrimento, e de muito tratamento para amenizar a dor, e enfrentar as diversas doenças que foram acometendo minhas bichanas. E o Fido, o mais fraquinho da família, agora se mostrava o mais forte. Continuava firme, portando o vírus, mas sem desenvolver a doença.
Em 2019 a mãe faleceu, e uma tristeza enorme tomou conta de mim. E o Fido virou meu gato solidário, meu amigo fiel. Passava horas ao meu lado, como se quisesse tomar conta de mim. Como se quisesse dividir minha tristeza. Se eu saía de casa, quando retornava, ao abrir a porta, ele vinha miando, correndo me encontrar. Como se quisesse perguntar se estava tudo bem comigo. Quando eu ia tomar banho, ele subia sobre uma mesa que tinha na cozinha, próxima do banheiro, e ficava me esperando. E a noite, quando eu deitava, ele se ajeitava do lado da minha cabeça, e ali dormia. Fido repetiu esta rotina por cerca de um mês, até quando sentiu que eu estava melhor. Meu gatinho, era também meu amigo fiel. Amigo que, de alguma forma, queria amenizar a profunda dor que a perda de alguém que a gente ama, causa na alma.
No final de abril de 2021, Fido saiu de casa, e não voltou mais. Perambulei pelas ruas de Herval d´Oeste em sua busca. Espalhei cartazes com uma foto dele, falei com muta gente, e divulguei nas redes sociais. Algumas pessoas entraram em contato comigo, crendo que o haviam avistado. Fui atrás, mas nunca era o meu bichano.
No dia das mãe, já perdendo a esperança de encontrá-lo, sem saber mais o que fazer, fui ao cemitério e pedi para a mãe, que se pudesse, ajudasse ele a encontrar o caminho de volta para casa. Dois dias depois, e 15 dias após o seu desaparecimento, acordei, levantei, e quando passei em frente ao quarto em que a mãe e eu dormíamos, abri a porta, e encontrei meu fiel amigo morto em cima da cama que era minha. Entrou por um buraco que ficou na janela, após um vidro ter sido quebrado.
Ele costumava repousar aos meus pés, quando eu deitava. Após a morte da mãe, eu passei a dormir na sala, e tinha verificado no local depois que ele sumiiu, e não o havia encontrado. Gatos se escondem quando estão doentes, e não sei aonde ele ficou por tantos dias. Provavelmente, reuniu suas últimas forças para retornar para o seu lar, e morrer no lugar em que foi feliz. O vírus, depois de 5 anos, havia vencido a batalha. A FeLV é a pior doença que um gato pode adquirir. A FeLV não tem cura. Ela mata, e enquanto se desenvolve no organismo do portador, ela causa um sofrimento intenso.
O vírus é transmitido pela saliva, secreção nasal, leite, urina e fezes, e destrói o sistema imunológico, deixando o portador suscetível a contrair outras doenças, como anemia, tumores, infecções, e doenças oculares. A expectativa de vida do animal contaminado é de 2 anos, mas muitos padecem em menos tempo.
Para evitar que seu gatinho de estimação adquira este vírus terrível, é necessário váciná-lo com a vacina V5 - ou vacina quintúpla felina. Evite que seu amigo bichano adquira esta doença fatal. Vacine seu gato contra a FeLV.