Exame de sangue simples pode revolucionar diagnóstico de Alzheimer
Doença afeta memória e habilidades de pensamento, sendo tipo mais comum de demência.
Um novo tipo de exame de sangue, capaz de rastrear a Doença de Alzheimer com “alta precisão” antes mesmo do início dos sintomas, pode se tornar realidade em breve, diz estudo publicado nesta segunda-feira (22) na revista JAMA Neurology. Isso seria possível a partir da identificação de um tipo de proteína no sangue, chamada tau fosforilada, ou p-tau.
Essa proteína funcionaria como um biomarcador, já que ela aumenta no sangue ao mesmo tempo que outras proteínas prejudiciais aumentam no cérebro de pessoas com a doença. Atualmente, para identificar o acúmulo de p-tau no cérebro, os pacientes são submetidos a uma tomografia cerebral ou punção lombar, que muitas vezes pode ser inacessível e dispendiosa.
Mas descobriu-se que este simples exame de sangue tem até 96% de precisão na identificação de níveis elevados de beta amiloide e até 97% de precisão na identificação de p-tau, de acordo com o estudo. Atualmente, para identificar o acúmulo de p-tau no cérebro, os pacientes são submetidos a uma tomografia cerebral ou punção lombar, que muitas vezes pode ser inacessível e dispendiosa.
Mas descobriu-se que este simples exame de sangue tem até 96% de precisão na identificação de níveis elevados de beta amiloide e até 97% de precisão na identificação de p-tau, de acordo com o estudo.
“O que foi impressionante com estes resultados é que o exame de sangue foi tão preciso quanto testes avançados, como testes de líquido cefalorraquidiano e tomografias cerebrais, para mostrar a patologia da doença de Alzheimer no cérebro”, disse Nicholas Ashton, professor de neuroquímica na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e um dos principais autores do estudo.
As conclusões do estudo não surpreenderam Ashton, que acrescentou que a comunidade científica sabe, há vários anos, que a utilização de análises de sangue para medir a p-tau ou outros biomarcadores tem o potencial de avaliar o risco da doença de Alzheimer.
“Agora estamos perto desses testes, e este estudo mostra isso”, disse ele. A Doença de Alzheimer, um distúrbio cerebral que afeta a memória e as habilidades de pensamento, é o tipo mais comum de demência, de acordo com os Institutos Nacionais de Saúde.
No ano passado, o primeiro exame de sangue para avaliar a proteína beta-amilóide foi disponibilizado para compra ao consumidor nos Estados Unidos, chamado AD-Detect, para ajudar pessoas com comprometimento cognitivo leve a identificar o risco de desenvolver a Doença de Alzheimer.
Alguns pesquisadores levantaram dúvidas sobre a ciência por trás do teste.
A Quest Diagnostics, empresa por trás do teste, enfatizou que ele não se destina a diagnosticar a doença de Alzheimer, mas afirma que ajuda a avaliar o risco de uma pessoa desenvolver a doença.
O teste utilizado no novo estudo, denominado ensaio ALZpath pTau217, é uma ferramenta disponível comercialmente desenvolvida pela empresa ALZpath, que forneceu materiais para o estudo gratuitamente.
O teste está atualmente disponível apenas para uso em pesquisa, mas Ashton disse que deverá estar disponível para uso clínico em breve.
“Esta é uma descoberta instrumental em biomarcadores sanguíneos para Alzheimer, abrindo caminho para o uso clínico do ensaio ALZpath pTau 217”, disseram os professores Kaj Blennow e Henrik Zetterberg da Universidade de Gotemburgo, coautores do estudo, em um comunicado de imprensa.
“Este ensaio robusto já é usado em vários laboratórios em todo o mundo”. ALZpath estima que o preço do teste pode estar entre US$ 200 e US$ 500 (de, aproximadamente, R$ 1.000 a R$ 2.500).
“Um biomarcador sanguíneo robusto e preciso permitiria uma avaliação mais abrangente do comprometimento cognitivo em ambientes onde os testes avançados são limitados”, escreveram os pesquisadores no estudo.
“Portanto, o uso de um biomarcador sanguíneo visa melhorar um diagnóstico precoce e preciso da DA, levando a um melhor manejo do paciente e, em última análise, ao acesso oportuno a terapias modificadoras da doença”.
Por exemplo, o teste demonstrou “alta precisão” na identificação da patologia tau em pessoas com teste positivo para beta amilóide, de acordo com o estudo.
Isso pode ajudar a orientar as decisões de tratamento em pacientes que consideram terapias direcionadas à beta amiloide, como Leqembi e Aduhelm, uma vez que podem ser menos eficazes em pacientes com patologia tau avançada, escreveram os pesquisadores.
“Estes resultados enfatizam o importante papel do p-tau217 plasmático como ferramenta de rastreio inicial no tratamento do comprometimento cognitivo, destacando aqueles que podem beneficiar de imunoterapias antiamilóides”, escreveram.