Exame aponta que motorista que causou acidente com 41 mortos em Minas Gerais usou cocaína e ecstasy
Arilton Bastos Alves, condutor da carreta, foi preso na manhã desta terça-feira no Espírito Santo.
Arilton Bastos Alves, motorista da carreta envolvida no acidente que resultou na morte de 41 pessoas na BR-116, em Teófilo Otoni, Minas Gerais, foi detido no Espírito Santo na manhã desta terça-feira (21). O exame toxicológico feito dois dias após o acidente, em 23 de dezembro, identificou a presença de cocaína, ecstasy, MDA, alprazolam e venlafaxina no organismo de Alves. Os resultados apontam consumo concomitante de cocaína e álcool etílico, conforme publicado pelo g1.
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O acidente foi registrado em dezembro do ano passado. A prisão foi ordenada após evidências de que Alves dirigia frequentemente sob o efeito de álcool, incluindo um episódio em julho de 2022, quando foi penalizado por dirigir embriagado. O juiz Danilo de Mello Ferraz destacou a deliberada assunção de risco pelo motorista, exacerbada pelo uso de múltiplas drogas.
Ao ver do Juízo, diante destas informações, não há o que se falar em simples descuido ou inobservância de um dever de cuidado objetivo, mas em deliberada assunção de risco, mormente quando embalado pelo uso de drogas diversas – cocaína, álcool, ecstasy, etc, diz um trecho da decisão, assinada na segunda-feira (20) pelo juiz Danilo de Mello Ferraz.
Fatores como a fuga do local do acidente, o sobrepeso da carga da carreta e o excesso de velocidade também contribuíram para a decisão. Alves admitiu negligenciar a verificação da amarração da carga e os limites de peso, além de dirigir a carreta com velocidades acima do permitido. Além disso, a carreta trafegava a 90 km/h, enquanto o permitido para a via eram 80 km/h.
O representado chegou a imprimir 132 km/h na mesma viagem, o que revela o grau de descuido/indiferença em poder causar um acidente de trânsito, diz a decisão.
Investigação preliminar
O acidente, que também envolveu um ônibus de viagem e um carro, aconteceu na madrugada de 21 de dezembro, no km 285 da BR-116, em Lajinha, distrito de Teófilo Otoni. Arilton Bastos Alves fugiu do local da batida e se apresentou à polícia dois dias depois, em 23 de dezembro, mas foi liberado – na época, a Justiça negou o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil.
A investigação inicial apontou para um pneu estourado do ônibus como causa possível. No entanto, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e testemunhas sugeriram que um bloco de granito se soltou da carreta, atingindo o ônibus. Análises preliminares indicam que o excesso de peso e a velocidade da carreta, somados ao efeito das drogas no condutor, foram fatores determinantes para o acidente.
Peritos criminais disseram que, em análise preliminar, constatou-se que uma das pedras se desprendeu do reboque, vindo a colidir com o ônibus da empresa Emtram, onde estavam as vítimas. Tudo indica que, em tese, o excesso de peso contribuiu para esse evento, assim como o excesso de velocidade praticado pelo condutor da carreta, sem que se possa desconsiderar, naturalmente, a condução de uma carreta sob o efeito de drogas diversas, diz um trecho da decisão judicial.
Segundo a PRF, esse é o maior acidente em número de mortes registrado em rodovias federais desde 2007.