Depressão pós-parto: a desafiadora jornada das mães de bebês prematuros

A ONG Prematuridade.com oferece apoio psicológico gratuito para as mães de bebês prematuros e acolhe cerca de 70 famílias por mês.

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A vida nos reserva surpresas, e algumas mães podem se deparar com desafios inesperados, como o nascimento prematuro de seus filhos - Imagens: Foto: Freepik/ND
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A notícia da chegada de um bebê costuma ser celebrada com entusiasmo e repleta de expectativas para o futuro. No entanto, a vida nos reserva surpresas, e algumas mães podem se deparar com desafios inesperados, como o nascimento prematuro de seus filhos – ocorrido antes das 37 semanas.

A ansiedade, o medo e a incerteza podem se instalar rapidamente, tornando a preocupação com a saúde e o bem-estar do bebê prematuro uma montanha-russa emocional.

Em meio a essa jornada materna, é importante reconhecer que questões relacionadas à saúde mental, como a depressão pós-parto, podem surgir. Vale ressaltar que a depressão pós-parto é uma condição séria e digna de atenção.

De acordo com a pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, um dado preocupante vem à tona: a cada quatro mães de recém-nascidos, uma é diagnosticada com depressão pós-parto.

No entanto, quando observamos o cenário das mães de bebês prematuros, essa condição é ainda mais prevalente, atingindo de 30% a 40% das puérperas. Isso representa um risco quatro vezes maior em comparação com mães de recém-nascidos a termo.

Dessa forma, a ONG Prematuridade.com oferece apoio psicológico online e gratuito para as mães de bebês prematuros. Todo mês, cerca de 70 famílias de bebês prematuros são acolhidas em reuniões virtuais.

Mães que fazem parte

Patrícia Anny Baptista, mãe da pequena Camila, precisou enfrentar muitos desafios contra a depressão pós-parto. E tudo se iniciou após realizar uma cirurgia bariátrica sem saber que esperava um bebê.

Isso resultou no nascimento prematuro extremo de Camila, que hoje tem 5 anos. A menina nasceu com 29 semanas, 540 gramas e com 28 centímetros.

“Culpava-me muito pelo fato de minha filha ter nascido nessas condições. Ficava me questionando por que não percebi que estava gestante ou por que não fiz exames antes da cirurgia. No entanto, naquela época, eu era muito leiga”, conta Patrícia.

Patrícia aponta que, naquele momento, o apoio familiar foi extremamente essencial em seu processo de recuperação. Segundo ela, toda mãe que passa por essa situação aparenta ser uma fortaleza por fora, mas por dentro está emocionalmente abalada.

Pelo o que essas mães passam

A fundadora e diretora-executiva da ONG, Denise Suguitani, salienta que o parto prematuro é um acontecimento extremamente desafiador para toda família, em especial, para as mães.

“Elas, frequentemente, sentem-se impotentes, culpadas e com muitos medos, necessitando de apoio significativo da família e, não raro, de profissionais da área da saúde mental”, explica.

Ela afirma que as famílias recebem um bebê antes do que estava previsto, e é preciso desconstruir o cenário idealizado. “A experiência da UTI Neonatal é extrema, uma montanha-russa de emoções diariamente e pode desencadear uma série de consequências negativas na saúde mental desses pais”.

No caso das mulheres, essa condição somam-se as mudanças hormonais e, muitas vezes, a exaustão física e, por isso, é importante que a mãe do prematuro seja acolhida com muito afeto pelos profissionais de saúde, segundo Suguitani.

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Vale ressaltar que, segundo a fundadora, os profissionais de saúde também devem estar atentos aos sinais de depressão, para realizar o encaminhamento desta mulher a um especialista quando necessário.

ONG Prematuridade.com

Uma das formas de ajudar os pais e mães que estão passando pela jornada de prematuridade é por meio de reuniões virtuais e de acolhimento, que acontecem em grupos ou por atendimentos virtuais.

O principal objetivo é oferecer suporte emocional às famílias. Nesses atendimentos, são acolhidas mulheres que estão passando pelo desafiador processo do puerpério no contexto da prematuridade e que, por isso, apresentam risco maior para desenvolver depressão pós-parto.

“Nenhuma mãe deveria passar pelo puerpério sem esse olhar atento da família e dos profissionais de saúde. É importante que as mulheres saibam que existe tratamento e cura e que elas não estão sozinhas nessa caminhada”, finaliza.

Setembro amarelo

Há cerca de 9 anos, o mês de setembro é palco de uma pauta em comum em todas as cidades do Brasil: a saúde mental. Isso porque a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), em parceria ao CFM (Conselho Federal de Medicina).

Decidiu criar uma campanha conhecida como setembro amarelo, separando 30 dias do ano para conscientizar a população acerca de assuntos relacionados ao cuidado psicológico e prevenir o suicídio.

Fonte:

ND+ Notícias

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