Confronto em Jirau
Confronto em Jirau
Delcir Maran, 53 anos, saiu de Campos Novos, no Meio-Oeste de Santa Catarina , para trabalhar com a Usina Hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho, Rondônia. Trouxe a esposa e foi montando, aos poucos, uma empresa que faz o fretamento de gerentes da obra. Nesses dias de conflito o movimento tem aumentado muito. O cansaço e o medo tomam conta de quem está por lá.
Em Santa Catarina, Delcir viu greves na construção de hidrelétricas de Foz de Chapecó e Salto Pilão. Nada comparável ao que está vendo nas andanças que faz, várias vezes ao dia, entre a obra e o Centro de Porto Velho, distantes 130 quilômetros uma da outra: — Ameaçaram até meus funcionários. Disseram que depois dos ônibus, iriam queimar as Vans. Ele e os motoristas estão exaustos com o movimento acima do normal. Chegam a fazer o caminho de ida e volta quatro vezes por dia, coisa de mil quilômetros diários. Algumas das Vans da empresa levam e buscam os policiais dentro da obra, inclusive quando o clima está mais quente. — Dois funcionários falaram em pedir as contas. Não é só o cansaço. É o medo também — admite. CONFRONTOS Informações ainda não confirmadas pelas polícias Militar e Civil de Porto Velho, Rondônia, dão conta de que duas pessoas teriam sido mortas durante os conflitos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Jirau. Viaturas estão no local e também não há informação de feridos. Com a destruição do canteiro, as famílias que estavam na região estão se deslocando para os distritos de Mutum Paraná e Nova Mutum. Até mesmo uma escola para jovens e adultos que ficava na obra foi completamente destruída. Os conflitos começaram na terça-feira e, até agora, não há qualquer pauta formal de reivindicação. Nem mesmo a empresa Camargo Corrêa, responsável pela obra, e a polícia conseguem avançar nesse ponto. Apenas uma mensagem emblemática foi transmitida pelo rádio na terça: — Vocês têm meia hora pra fazer o que a gente quer. Senão vamos dar sequência à nossa tarefa, vamos continuar nossa missão.