Com risco de hemorragia cerebral, morador de Campos Novos espera, sem previsão, há meses, por cirurgia
Sistema indica que consulta com profissional médico deve levar ainda 57 dias.
A família do senhor Reni Alves Ribeiro (59 anos) experimenta desde março deste ano, dias de aflição, batendo de porta em porta na Saúde pública em busca da necessária Cirurgia Endovascular da Fistula Artério Venosa Pial (FAVP), encaminhada para ser realizada pelo Sistema de Regulação do governo de Santa Catarina.
O diagnóstico foi descrito em 6 de abril deste ano, por neurologista de Lages, após exames de imagem, no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, para onde seu Reni foi encaminhado, com quadro de cefaleia e crise convulsiva generalizada.
Receba as notícias em seu celular! Entre em nossa comunidade no WhatsApp - Clique Aqui!
Na descrição de abril, encaminhada ao Ministério Público e à Secretaria de Saúde, o médico do referido hospital, pontuou que “para o tratamento seguro do paciente, há necessidade de cateteres de acesso que não são fornecidos pelo SUS” e afirma “aguardar a liberação dos materiais”, para a cirurgia.
O médico descreve o caso do seu Reni como “patologia grave, com necessidade de tratamento o quanto antes, para minimizar os riscos de uma hemorragia cerebral, que pode levar ao óbito e ou deixar sequelas graves”.
Com repetidas crises de convulsão, seu Reni já foi levado a Lages, Florianópolis e Joaçaba, de onde voltou para casa sem o procedimento. Recentemente as internações têm ocorrido em Campos Novos.
Dona Terezinha, esposa do paciente, morador do Bairro Aparecida, vive uma verdadeira jornada, buscando de porta em porta, em setores públicos, uma solução para o caso. Ela relatou à Rádio Cultura que o marido, profissional da construção civil, pai de dois filhos, não apresentava problemas de saúde.
Em março deste ano, entretanto, ele sofreu uma convulsão, decorrente de provável AVC, caiu de um andaime onde trabalhava, nas imediações do terminal rodoviário. Os primeiros atendimentos ocorreram em Campos Novos e, em seguida e na sequência Joaçaba e Lages. A família, tentou inclusive, levando o paciente a Florianópolis, que fosse atendido na emergência, mas ele foi mandado de volta, sem cirurgia. Uma tentativa anterior de cirurgia cerebral foi feita, explica dona Terezinha, mas inconclusiva.
Defensoria Pública
Ao invés da resolutividade, uma das diretrizes do SUS, a família recebe muitas informações desencontradas, que só geram ainda mais incerteza.
Até a Defensoria Pública já foi procurada, sem sucesso, para garantir os materiais indicados por neurologista de Lages, para a intervenção. A cotação de venda, emitida em 18 de abril, por um fornecedor de Porto Alegre (RS), apresentou para o Hospital Nossa dos Prazeres de Lages, um custo de R$ 11.487,00, pelos materiais necessários para a cirurgia, que “não seriam fornecidos pelos SUS”. A família não tem os recursos.
O que diz a Saúde
A enfermeira Isabela Prado, responsável pela TFD (Tratamento Fora de Domicílio), em Campos Novos, junto à Secretaria Municipal de Saúde, informou que, conforme consulta ao Sistema de Regulação Municipal em Lages, a consulta com neurologista está estimada em mais 57 dias, com classificação em amarelo, feita pelo médico regulador, mas ainda sem data definida.
A última alteração de risco ocorreu por parte do médico regulador no 1º de julho, ainda no amarelo, apesar da gravidade apontada por neurologista, em abril.
Isabela disse que antes, em 26 de maio, foi solicitada no sistema uma consulta com cirurgião vascular, mas a regulação estadual orientou que fosse encaminhado para outra fila, de consulta com neurologista. O paciente então foi encaminhado para Joaçaba e lá, em 19 de junho, avisaram que não fazem o procedimento no cérebro”.
Já o Sistema de Regulação Municipal de Lages, ao ser contactado pelo jornalismo, e questionado se o quadro do paciente de Campos Novos, não requer da regulação maior celeridade na marcação da consulta, afirmou inicialmente que a demanda é muito grande, que existem filas, e posteriormente que se o paciente vem convulsionando frequentemente, deve ocorrer um alinhamento da gestão da Saúde de Campos Novos, para que o regulador evolua para a classificação vermelha, de maior urgência.
Em seguida, na tarde de hoje, foi feito contato com o Secretário de Saúde, Vinícius Serena, sobre que esforços foram e serão feitos para que o paciente, do município, consiga com a necessária urgência, a cirurgia em Lages, ou em outra unidade especializada.
O jornalismo também fez contato na tarde desta quinta-feira, com a assessoria de comunicação, da Secretaria de Estado da Saúde, encaminhou questionamentos por email, com cópia para a Secretaria Municipal de Campos Novos, sobre por que a demora na cirurgia; sobre a informação dada em Lages, que o SUS não forneceria os materiais e especialmente, quando será marcada a cirurgia e garantido o tratamento para o seu Reni. Aguardamos o retorno.
O diretor-geral do Hospital Dr José Athanázio, Rafael Manfredi, por sua vez, observa que o município acaba ficando de mãos amarradas, quando o caso é encaminhado ao regulador do Estado mas se dispos a contribuir em algum tipo de ação conjunta com o secretário de Saúde do município, Vinicius Serena, em favor da vida do seu Reni, cuja família tem estado com frequência no hospital.
Nós não conseguimos efetivar o contato com a Defensoria Pública, que poderia conseguir judicialmente a marcação do procedimento. Dona Terezinha, a esposa, já recorreu as mais variadas autoridades, locais e regionais pela vida do seu Reni.