Coluna Cultura em Cena: Fernando Oliveira e a arte de confeccionar Amigurumis.
Cultura em cena é uma coluna escrita pelo produtor cultural Omar Dimbarre, para destacar o que se faz no meio cultural da região.
O contato com a cultura japonesa começou cedo para o artista Fernando Oliveira. Com apenas quatro anos de idade, passava as tardes com olhos pregados na televisão, acompanhando seus heróis: Jaspion, Jiraya e Changeman, em suas eternas lutas do bem contra o mal.
As lutas que seus heróis travavam, impulsionadas por sua imaginação, saiam da tela e ganhavam a vida real, transformando a rua em que morava em seu primeiro palco. Inspirado em seus heróis orientais, um novo herói surgia, pronto para defender o mundo dos ataques de seus inimigos imaginários. Improvisava seu próprio enredo, transformava um cano de pvc em espada, e sem piedade, entoando gritos de guerra, partia para derrotar os monstros que tentavam conquistar o planeta Terra.
Seu fascínio pela arte começava a ser escancarado.
Fernando não tinha ideia de que a milenar cultura japonesa, uma das mais ricas do mundo, um dia se tornaria paixão, e esta paixão, um dia se tornaria sua fonte de renda.
Anime, mangá, origami, shodo, karatê. Isolado do ocidente durante séculos, a cultura nipônica se tornou bastante peculiar, e hoje vem atravessando fronteiras e conquistando cada vez mais espaço no mundo.
Os amigurumis, apesar de também serem milenares, só vieram a se popularizar na década de 80, e hoje estão cada vez mais presentes fora de seu país de origem.
Amigurumi (ami=malha ou tricô e nuigurumi=boneco de pelúcia) , é uma técnica japonesa para criar pequenos bonecos feitos de crochê e tricô.
No Brasil, a moda dos amigurumis começou a fazer sucesso com a difusão da cultura japonesa, e atualmente há grande diversidade destes pequenos bonecos no mercado.
Há seis anos Oliveira criou sua empresa de arte e decoração, a Ciranda dos Ventos. Iniciou comercializando filtros dos sonhos, macramê, pintura em tela e aplicação. O primeiro ano não foi fácil, e foi este o tempo para que houvesse algum retorno financeiro. Precisando aumentar as vendas e querendo diversificar os produtos que comercializava, enquanto observava sua mãe fazendo crochê, tomou a decisão de incorporar mais esta arte aos produtos da sua empresa.
E para aprender, foi atrás de cursos no Youtube. Em uma busca por tais cursos, descobriu os amigurumis, e o arrebatamento foi instantâneo. Imediatamente procurou por cursos na internet. Começou do zero, e fazendo, desfazendo, iniciando, reiniciando, aos poucos foi se familiarizando com a técnica, até atingir seu objetivo, e iniciar sua própria produção de bonecos feitos de crochê.
E os amigurumis, que começaram aos poucos substituindo as demais peças da empresa, com os resultados bastante animadores das vendas, acabaram tornando-se a especialidade da casa, e as vendas engrenaram. Viver de arte não era mais um sonho. Comprar uma Kombi, montar uma loja móvel, pegar a estrada, e atravessar o país, conhecendo novos lugares e outras culturas, passou a ser seu novo sonho.
Então, veio a pandemia, e as feiras e a exposições cessaram. As vendas caíram muito, e o dinheiro que estava sendo guardado para tornar seu sonho real, precisou ser usado para pagar suas despesas pessoais. Foi uma fase bastante difícil, que começa a ser superada com o retorno de feiras e exposições de artesanato.
Produzir bonecos de crochê lhe permite criar suas próprias peças, e mesmo aquelas que não são criações exclusivas suas, seu toque pessoal está lá, com características que são fruto de sua mente fértil.
A arte de confeccionar amigurumis é uma entre outras tantas artes que fazem parte da vida de Fernando Oliveira. Em seus primeiros anos na escola participou de corais de igreja, grupos de teatro e dança.
Com treze anos fez teatro pela Casa da Cultura de Herval d´Oeste, apresentando-se em circuitos nas escolas. Ingressou no curso de Artes Cênicas da Unoesc onde ampliou sua visão sobre a arte, e passou a considerar a possibilidade de se estabelecer financeiramente, fazendo o que está em suas veias desde sua infância. Dentro deste processo todo, desenvolveu outras capacidades; pintura, pintura em pano de prato, desenho, e fez cursos de corte de cabelo, padaria, gastronomia e maquiagem.
Há dez anos quis aprender a tocar flauta doce, instrumento pelo qual hoje ele nutre adoração, e que pretende continuar se aperfeiçoando, e dentro deste universo também tem um sonho:
“Hoje eu entendi que minha vida artística não vai se basear na linha de frente do palco, Eu não serei o cara que vai ficar na frente. Eu não vou ser o músico. Eu posso ser o professor de música, e ver todos os meus alunos brilharem. E isto é uma coisa que me emociona mais. Eu não serei o grande músico da região, mas talvez possa ensinar muitas crianças ou outras pessoas a serem grandes músicos. Gosto de tocar em situações intimistas. “
Para conhecer mais amigurumis criados para a Ciranda dos Ventos pelo artista Fernando Oliveira, acesse sua página no Instagram - Clique Aqui!
Cultura em cena é uma coluna escrita pelo produtor cultural Omar Dimbarre, para destacar o que se faz no meio cultural da região.