Coluna Brinda Brasil - Por quê não encontramos Prosecco Rosé?
Por Rodrigo Leitão Não existe prosecco rosé, assim como não existe prosecco demi-sec, nem moscatel.
Por Rodrigo Leitão
Desde janeiro deste ano, apenas no Veneto e especificamente nas localidades de Valdobbiadene e Conegliano pode se fazer este espumante e chamar de Prosecco. Fora dessa região, no mundo inteiro, quem fizer uma bebida deste tipo tem de chamar de espumante de uva glera tipo Prosecco ou Espumante tipo Prosecco. É a mesma regra que demarca o território de Champagne, na França e de Penedés, na Catalunha, para a cava espanhola. No ano passado, o Brasil ganhou uma região similar, Garibaldi, como denominação de origem para produzir espumantes.
Há uns dez anos, quando o espumante brasileiro começou a chegar com maior entrada nas festas e restaurantes, as pessoas não tinham as informações que circulam hoje sobre a bebida. Esse mercadão de vinhos que a gente vê hoje, não existia em 2000.
O Brasil começou a fazer festa com champangne e prosecco nos anos 50. São Paulo foi responsável, por causa da colônia italiana, pela divulgação do prosecco. E aí, nas rodas da alta sociedade, as mulheres pediam prosecco, porque é mais leve que champangne e espumante nacional. Daí veio a confusão!
Falando simploriamente, champagne e espumante tem média de 12,5% de álcool por litro e, tradicionalmente, são feitos pelo método tradicional de segunda fermentação na garrafa, o champenoise, o que pode levar de 12 meses a dois anos. Geralmente tem como base as uvas chardonnay e pinot noir.
Prosecco tem 11% ou 11,5% de álcool, é mais leve, mais fresco e a segunda fermentação ocorre em tonéis de inox e por isso produzem uma bebida para consumo imediato. É usado método charmat curto, com a segunda fermentação durando entre 45 dias e seis meses, no máximo.
Um prosecco, por melhor que seja, deve ser consumido entre um e dois anos após seu engarrafamento, no máximo. Então, se estamos em 2014, o prosecco não pode ser anterior a 2012. Isso tem uma explicação na própria uva, que é mais frágil que a chardonnay, que faz o champagne e, portanto mais perecível. A glera (foto), nem sempre é usada 100% para fazer esse espumante. Alguns produtores misturam 15% de outras variedades, todas brancas: verdiso, perera, bianchetta. Esse espumante tem de ser obrigatoriamente de cor amarelada, palha e com aromas de maçã, pêra, limão, pêssego, ou seja frutado, floral e cítrico.
Como disse acima, os proseccos são brut, com açúcar de 6 gramas a 15 gramas por litro; Dry, que é doce como um vinho de sobremesa, de 17 a 25 gramas de açúcar por litro; Extra-Dry, menos doce, como um démi-sec, com 12 a 20 gramas de açúcar por litro. Existe ainda o extra-brut, mais seco, com até 6 gramas de açúcar por litro. Mas o prosecco brut, que é o mais comum, dependendo do fabricante, é um pouco doce também, chega a 15 gramas de açúcar por litro. Essa doçura toda, com menos álcool, é que agrada o paladar feminino. É
Uma curiosidade: a palavra Prosecco vem do esloveno Prosek, que é o nome de uma cidade na Albânia.
DICA DE HARMONIZAÇÃO:
Tin-tin!
Rodrigo Leitão, especialista em enogastronomia.
O colunista dedica-se há três décadas ao jornalismo e já passou por redações como O Globo, Jornal de Brasília, TV Brasília, TV Band e Rádio Band News FM, em Brasília onde atua no segmento de comunicação e eventos. Rodrigo Leitão organiza anualmente o Brinda Brasil – Salão do Espumante de Brasília, o maior encontro nacional exclusivamente com produtores de espumantes. Ele já atuou nas áreas de Economia, Política, Internacional, Cultura e Saúde, onde conquistou vários prêmios.