Casos e mortes de leptospirose aumentam em SC
Neste ano, foram três óbitos, incluindo um na região.
Santa Catarina viu o número de casos e de mortes por leptospirose aumentar no último ano. A quantidade de pessoas que contraíram a doença saltou 27% de 2021 para 2022 e houve crescimento de 40% nas mortes no mesmo período.
Dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) mostram que entre 1º de janeiro de 2021 e 27 de fevereiro deste ano, pelo menos 362 pessoas receberam diagnóstico de leptospirose no Estado, das quais 27 morreram. Os números são considerados altos e se fala em doença negligenciada.
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A leptospirose é epidêmica nos períodos de chuva no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, pois a doença se propaga mais durante alagamentos. A explicação é simples:
— A gente pega leptospirose principalmente na água ou solo contaminado. Então se eu tenho um ferimento na pele, por exemplo, o leptospira, que é uma bactéria transmitida principalmente na urina do rato, pode entrar na pele e fazer a doença — explica a infectologista Sabrina Sabino, que tem visto o número de casos crescer no consultório.
Mapa mostra número de casos por cidade em SC
De 1º de janeiro de 2021 a 27 de fevereiro de 2023, a quantidade de casos confirmados de leptospirose em Santa Catarina chegou a 362, segundo a DIVE. A doença é de notificação compulsória. Ou seja, o médico precisa informar a prefeitura da cidade onde o paciente recebeu o diagnóstico, mesmo que isso tenha ocorrido na rede particular.
Joinville lidera esse ranking com 31 casos no período. Blumenau e Florianópolis aparecem na segunda posição empatados, com 19 infectados cada.
O Ministério da Saúde afirma que, entre os casos confirmados, o sexo masculino com faixa etária entre 20 e 49 anos estão entre os mais atingidos, embora não exista uma predisposição de gênero ou de idade para contrair a infecção.
SC já teve três mortes pela doença em 2023
Em dois anos e dois meses, Santa Catarina registrou 27 mortes por causa da leptospirose. O número passou de 10 em 2021 para 14 no ano passado. Agora, 1º de janeiro a 27 de fevereiro de 2023, já foram três. Uma em Concórdia (Oeste), outra em Itapoá e mais uma em Joinville.
— É um número alto e a gente acredita que possa haver outros casos que foram a óbitos e não chegaram a ser diagnosticados porque o diagnóstico é mais difícil — frisa a infectologista Sabrina Sabino.
O Vale do Itajaí e a região Norte do Estado empatam em quantidade de óbitos, com nove em cada área. Joinville, porém, é a cidade catarinense com mais óbitos, totalizando cinco no período analisado.
De acordo com o Mistério da Saúde, a doença apresenta uma letalidade média de 9%. Entre os casos considerados graves, é de 40% a chance de o quadro evoluir para óbito.
Em Santa Catarina, fica abaixo disso, em 7%, afirma Ivânia Folster, gerente de Zoonoses da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE). Ainda assim, segundo ela, o percentual é considerado alto pelo governo do Estado, que atua com capacitação dos profissionais para o diagnóstico e tratamento adequado, bem como à comunidade, para os cuidados e buscar ajuda imediatamente.
— A leptospirose é uma doença negligenciada no sentido de que ela está aí a muito tempo e precisa de ações no ambiente além da área da saúde, como saneamento, que pode influenciar bastante nessa transmissão também — pontua.
Diagnóstico e tratamento
A recomendação é evitar contato com água ou lama de enchente, não deixar acumular lixo e manter terrenos limpos, recomenda a gerente. Isso porque se o roedor tem acesso a comida e abrigo, haverá proliferação do animal no local e por onde onde ele passar e urinar pode deixar a leptospira.