Brasil vive onda de calor excepcional com risco à vida

Regiões do país terão mais de 40ºC em período totalmente atípico.

, 1.337 visualizações
pp_amp_intext | /75894840,22657573340/EDER_LUIZ_AMP_02

A MetSul Meterorologia adverte para um episódio excepcional de calor em grande parte do Brasil nos próximos dias. As marcas esperadas entre esta semana e a próxima vão superar em muitos os valores médios históricos de temperatura máxima em todas as cinco regiões do país com alto potencial de quebras de recordes para o mês de setembro e talvez até absolutos.

Uma massa de ar extremamente quente vai cobrir o Brasil nos próximos dias. Já faz muito calor neste começo de semana no Centro-Oeste e no Sudeste, mas na segunda metade da semana a massa de ar se reforça ainda mais com temperatura atipicamente elevadas, mesmo calor intenso não sendo incomum nestas áreas do território nacional no mês de setembro. Trata-se de uma situação de elevado perigo pela severidade do calor esperado e que demandará atenção das autoridades.  

Receba as notícias em seu celular! Entre em nossa comunidade no WhatsApp - Clique Aqui!

Serão vários estados em que o calor será muito intenso a extremo. A massa de ar quente vai afetar com força e marcas perto ou acima de 40ºC, por exemplo, o Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão.

O pior do calor deve ocorrer no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul com marcas acima dos 40ºC na maioria das cidades dos dois estados, mas que podem atingir temperaturas máximas mais extremas em particular na região do Pantanal e proximidades. 

Esta região do Centro-Oeste vai estar junto ao centro da grande cúpula de calor que estará concentrada entre o Paraguai e os estados do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso. Pontos destas áreas podem atingir marcas tão extremas como 43ºC a 45ºC nesta região do centro do domo de calor.

Marcas perto ou acima dos 40ºC devem se dar ainda em muitas cidades do Norte, de Goiás, do Sudeste do Brasil e de alguns estados do Nordeste, como no Oeste da Bahia, no Maranhão e no Piauí. No Rio de Janeiro, algumas estações também podem superar os 40ºC no próximo fim de semana. Em Minas Gerais, o Triângulo Mineiro e o Noroeste do estado devem ser as áreas mais afetadas pelo calor extremo com máximas superiores aos 40ºC.

O pico do calor em intensidade deve se dar entre o final desta semana e o começo da semana que vem. Modelos numéricos chegam a indicar temperatura no nível de pressão de 850 hPa (equivalente a 1.500 metros de altitude) perto de 30ºC no Centro-Oeste do Brasil, o que apenas se verifica em massas de ar extremamente quentes, como a que atingiu o Sudoeste dos Estados Unidos no mês de julho deste ano.


Recordes históricos podem cair

A maior temperatura registrada oficialmente até hoje no Brasil foi de 44,8°C em Nova Maringá, Mato Grosso, em 4 e 5 de novembro de 2020, superando o recorde também oficial de Bom Jesus, Piauí, de 2005, de 44,7°C. Recordes mensais, e em algumas cidades até absolutos, podem cair neste evento de calor extremo.


Bolha de calor

Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar.Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor de agora vai estar com seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil.

pp_amp_intext | /75894840,22657573340/EDER_LUIZ_AMP_03

Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.

Nunca na história de mais de um século da observação do clima mundial tantos recordes de calor de todos os tempos caíram por uma margem tão grande quanto na histórica onda de calor do final de junho de 2021 no Oeste da América do Norte, efeito de uma maciça cúpula de calor. Foi o segundo desastre climático mais mortal do ano com 1.037 mortes: 808 no Oeste do Canadá e 229 no noroeste dos EUA. O Canadá quebrou seu recorde nacional de temperatura de todos os tempos em três dias consecutivos em Lytton, British Columbia, que atingiu impressionantes 49,6°Cem 29 de junho, um dia antes da cidade ser incendiada em um feroz incêndio florestal alimentado pelo calor extremo. O antigo recorde de calor canadense era 45,0°C em 5 de julho de 1937.

“Este foi o evento regional de calor extremo mais anômalo a ocorrer em qualquer lugar da Terra desde o início dos registros de temperatura. Nada se compara”, disse o historiador do clima Christopher Burt, autor do livro Extreme Weather. Apontando para Lytton, Canadá, ele acrescentou: “Nunca houve um recorde nacional de calor em um país com um extenso período de registro e uma infinidade de locais de observação que foi superado por 4ºC”, afirmou O pesquisador internacional de registros meteorológicos Maximiliano Herrera concordou. “O que vimos é totalmente sem precedentes em todo o mundo”, disse. “É uma cascata interminável de recordes sendo quebrados”, resumiu.


Risco à vida

A MetSul Meteorologia adverte que o nível de calor esperado para os próximos dias em muitas áreas do território brasileiro atingirá patamar extremamente perigoso à saúde e à vida com elevado risco para população vulnerável, como enfermos e idosos. Normalmente, o calor no Brasil é percebido com um evento normal no clima e até celebrado, mas o país não mantém estatísticas sobre mortalidade relacionada à alta temperatura.

O calor é um causador “silencioso” de mortes, diferentemente do que ocorre com desastres pela chuva. Os poucos levantamentos sobre mortes associadas ao calor no Brasil estão em alguns estudos epidemiológicos em pesquisas da Medicina e não da Meteorologia. O calor extremo é muito mais mortal do que outros desastres naturais, matando em média mais que o dobro de pessoas por ano do que furacões e tornados combinados, de acordo com dados monitorados pelo Serviço Meteorológico Nacional nos Estados Unidos.

As mudanças climáticas e crescente urbanização estão aumentando rapidamente a exposição humana a temperaturas ambientes extremas, mas poucos estudos examinaram a temperatura e a mortalidade na América Latina. Trabalho publicado em revista científica das temperaturas ambientes diárias e da mortalidade entre 326 cidades latino-americanas entre 2002 e 2015 mostrou alto índice de letalidade por calor extremo.

Fonte:

MetSul

Notícias relacionadas