Bolinha – Uma História que se Entrelaça com A História Cultural de Joaçaba – Parte 3 (Final)

Última reportagem da série especial termina de revisitar a história de Antônio Carlos Pereira.

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Rogério Sganzerla, um dos cineastas mais cultuados do Brasil, nasceu em Joaçaba em 1946. Ainda muito jovem, mudou-se para São Paulo, onde foi acolhido por Décio de Almeida Prado, renomado crítico teatral paulista que, na época, dirigia o Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo. Aos 16 anos, Sganzerla escreveu seu primeiro texto para o Suplemento, e durante quatro anos atuou como crítico de cinema do jornal. Também escreveu críticas cinematográficas para os periódicos Jornal da Tarde e Folha da Tarde.

O Bandido da Luz Vermelha, seu longa-metragem de estreia, lançado em 1968, foi o grande vencedor do 4º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Além de Melhor Filme, foi premiado também nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Montagem, Melhor Diálogo e Melhor Figurino. O filme, considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, participou de vários festivais de cinema ao redor do mundo e, em 1999, foi exibido no MoMA – Museu de Arte Moderna de Nova York.


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Em janeiro de 2004, após seu falecimento, o jornal francês Le Monde, um dos mais influentes do mundo, publicou uma extensa matéria sobre o cineasta joaçabense.

As famílias Pereira e Sganzerla mantinham um bom relacionamento. O pai do cineasta, Albino Sganzerla, foi comerciante, vereador e prefeito. A amizade entre Bolinha e Sganzerla se fortaleceu em 1987, durante a viagem de volta do Festival de Cinema de Gramado, onde ele participou com o filme Nem Tudo é Verdade, que reconstitui a visita ao Brasil do cineasta norte-americano Orson Welles para filmar o documentário It's All True (Tudo é Verdade). Sganzerla foi premiado com o Kikito de Melhor Trilha Sonora, e o filme recebeu também o Kikito de Melhor Edição.

Foi nessa ocasião que Rogério sugeriu ao amigo Bolinha que ambos fizessem um programa na rádio Transoeste FM sobre os 50 anos da morte do genial compositor, cantor, bandolinista e violonista carioca Noel Rosa, o Poeta da Vila. A profunda admiração que o cineasta joaçabense nutria por Noel o inspirou a dirigir dois documentários sobre o notável artista.

“O estúdio da emissora era no último andar do Edifício Ermacenter, e durante a transmissão nosso amigo Ademar Filippin apareceu na rádio com uma filmadora e registrou algumas passagens do programa, que mais tarde foram aproveitadas no filme “Mr. Sganzerla - Os Signos da Luz”, de 2012.“

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Sempre que visitava a terra natal, Sganzerla telefonava ao amigo, convidando-o para tomar uma cerveja gelada, bater um papo com os amigos ou passear pela bela região do Vale do Rio do Peixe. 

Casa da Cultura Rogério Sganzerla e Helena Ignez

Foto da inauguração da Casa da Cultura Rogério Sganzerla

 “Com muita dedicação, criamos em 2010 a Casa da Cultura Rogério Sganzerla, com a certeza de que ali muito se faria pela cultura, como tem acontecido. Eu presidia o Conselho Municipal de Cultura, e o prefeito Rafael Laske prometera um espaço para a Casa da Cultura, à qual foi dado o nome do mais ilustre artista catarinense, nosso conterrâneo Rogério Sganzerla. Estiveram presentes à inauguração a irmã dele, Zenaide, os irmãos Albininho e Ângelo Sganzerla, este já falecido, nosso saudoso prefeito Ruy Homrich e sua esposa, D. Dulce.

Anos depois, fui convidado pela atriz Helena Ignez, viúva de Rogério Sganzerla, para participar de um filme que ela estava fazendo, que seria Luz nas Trevas: A Volta do Bandido da Luz Vermelha. Mas, com problemas sérios de coluna, agradeci muito a ela o convite e não fui a São Paulo para realizar a entrevista. E o papel do bandido seria feito pelo Ney Matogrosso; acho que seriam muitas emoções para mim!“

Joel Pizzini

“Em 2011, fui convidado pelos cineastas Joel Pizzini e Maria Flor Brazil para entrevistar a mãe do Rogério, dona Zenaide, que viria a falecer em 2022. A entrevista foi realizada na casa da família e foram inseridas cenas de quando, em 1987, estive pela primeira vez em contato com o Rogério e a Helena Ignez na casa da família. Eu usei minha câmera e filmei minha filha Caroline junto com a Helena Ignez, Sinai e Djin, esposa e filhas do Rogério. Uma filmagem caseira, e essa cena foi usada no filme “Mr. Sganzerla – Os Signos da Luz.”

“Mr. Sganzerla – Os Signos da Luz“ foi duplamente premiado no É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, em 2012. Recebeu o prêmio de Melhor Documentário Longa-Metragem da competição brasileira pelo júri oficial e o Prêmio da Crítica pela Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema. O documentário investiga a obra do cineasta Rogério Sganzerla e seu pensamento sobre cinema, além de suas influências, como Orson Welles, Noel Rosa, Oswald de Andrade e Jimi Hendrix.

Além de diretor de cinema, o carioca Joel Pizzini é roteirista e produtor de filmes. Seu primeiro curta-metragem, “Caramujo-flor”, sobre o poeta Manoel de Barros, foi escolhido como o melhor curta-metragem no Festival de Cinema Latino de Huelva, na Espanha, em 1990.

Entre outros prêmios recebidos pelo cineasta, destacam-se o de Melhor Documentário pelo júri oficial do Festival do Rio de 2005, pelo longa-metragem “500 Almas”, e o Prêmio Especial do Júri no Festival de Brasília de 2007, pelo filme “Anabazys”, dirigido em parceria com sua esposa, Paloma Rocha.

Maria Flor Brazil é produtora, diretora, pesquisadora e assistente de direção. Entre 2007 e 2009 trabalhou na Pindorama Filmes em programas para o Fantástico da Tv Globo e o Canal Futura. Foi produtora e assistente de direção do cineasta Joel Pizzini em vários trabalhos, entre eles o longa “Mr. Sganzerla - Os signos da Luz ”.

Publicações 

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Aquela publicação da Revista do Sul ajudou a colocar o programa 'Os Discos do Bolinha' em evidência na mídia, assim como o destaque nos jornais locais e estaduais com fotos das entrevistas, como as revistas 'Êxito' e 'The Best of Rock', além da 'Rádio e Negócios' de Belo Horizonte, MG, publicada pelo jornalista Deca Furtado, que traçou um detalhado perfil com o título 'Meio Século no Ar: Bolinha conta detalhes do longevo programa de 50 anos ao veterano José Maria Furtado' e do livro da escritora Lucinha Zanetti, que publicou na íntegra a entrevista com Renato Barros, líder dos 'Blue Caps'. Mas interessante mesmo foi o que fez a querida e saudosa amiga Clarice Salete Traversini, hervalense, mestranda na Linha de Pesquisa Educação e Classes Populares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ao escrever, em 1996, um ensaio intitulado 'Os Discos do Bolinha – A Possibilidade de Emancipação da Cultura Popular'.

A revista Êxito, de Videira, para a qual escrevi textos sobre cultura, publicou diversas vezes matérias a respeito do meu programa. O jornal Diário Catarinense, em 10 de fevereiro de 2008, publicou uma matéria de capa no caderno chamado Donna, com fotos da minha coleção de discos, eu segurando o primeiro long play do Roberto Carlos. Os jornais O Estado, de Blumenau, e A Notícia, de Joinville, que em 2003, publicou uma matéria intitulada 'No Tempo da Vitrola'. Além das publicações na imprensa local. Mas, isto eu tenho que atribuir à generosidade dos amigos que eu tenho, à sua amizade, Omar, que tá me privilegiando com este momento de contar estas histórias.

E mais tarde, a Sra Lucinha Zanetti, do interior de SP, publicou um livro sobre o Renato Barros, fundador e lider da banda de rock mais antiga em atividade no mundo inteiro chamada Renato e seus Blue Caps, que começou a gravar um ano antes dos Rolling Stones, e permanece em atividade. Renato e seus Blue Caps, é a mais longeva banda de rock existente no mundo. Não é o mais antigo conjunto, porque de samba Os Demônios da Garoa, tem mais idade, o grupo existe desde 1943. E esta senhora, a Lucinha Zanetti, ao tomar conhecimento na internet da entrevista que eu havia feito com o Renato Barros, ela me pediu autorização para transcrever e publicar a entrevista, e o fez. Veja, eu só tenho a agradecer a Deus, à minha família que sempre me apoiou, desde meus pais e minha esposa, e os filhos. Todos concordam que isto me faz bem.”

Promotor Cultural do Ano

”No ano de 1997, fui convidado pelo então prefeito Normélio Zilio para compor a equipe que daria um rumo à cultura e ao turismo de nossa cidade. Ali nasceram muitas ideias, conseguimos incluir no Calendário da Santur a Romaria Frei Bruno e o Carnaval de Joaçaba, que assim ganharam divulgação oficial no estado. Naquele ano, em que trabalhei na Prefeitura de Joaçaba lancei “Gente Sorrindo”, um informativo quinzenal que divulgava as atrações do período e contava um pouco da nossa História. No ano seguinte, a exemplo do meu papai, publiquei um jornal, ao qual demos o nome ‘Joaçaba Cidade de Qualidade’ , visando noticiar coisas positivas... durou apenas três edições.

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O jornalista Moacir Benvenuti, do jornal A Notícia, de Joinville, publicou os nomes dos promotores culturais do ano de 2007. E por indicação da colunista social Joanna Figueiredo, destacou três pessoas daqui para a publicação. A Sra. Anna Lindner von Pichler, o maestro Luiz Fernando Spessatto, e este que vos fala: Antonio Carlos Pereira. Isto foi antes de eu ser presidente da SCAJHO, do teatro.

E seguidamente sou convidado a dar palestras em escolas e universidades, sobre a cultura e a história de Joaçaba. São gestos que eu guardo com carinho e gratidão.”

Homenagem no Desfile das Escolas de Samba  

“E mais recentemente, em 2012, participei do desfile do Carnaval de Joaçaba a convite do carnavalesco da Vale Samba Ernani Siqueira, que é paulista; o enredo era sobre comunicação e eu fui homenageado como o radialista mais antigo em atividade no Estado. E foi a única vez que eu participei ativamente de um desfile de carnaval, foi o último título conquistado pela minha escola de samba favorita.” 

SCAJHO

 “Eu fui o ‘mestre de cerimônias’ da SCAJHO, nos anos 80 e 90. Minha esposa cantava no coral, e como não sei cantar – eu desafino até para falar... - me ofereci para fazer esse papel. Comprei um smoking, uma gravata borboleta, e a orquestra e o coral viajavam nos 3 estados do sul, pois os músicos, principalmente os músicos, vem de cidades destes três estados. De Erechim, no RS, União da Vitória no PR, passando por Videira, Caçador; músicos de várias cidades. Uma vez por ano, a SCAJHO, para retribuir a participação destes músicos que ajudavam a formar a Orquestra Sinfônica da SCAJHO, muito antes de existir o Teatro Alfredo Sigwalt, a orquestra e o coral iam a estas cidades, as prefeituras pagavam ônibus, alimentação dos nossos artistas. Hospedagem não precisava, porque após o espetáculo a gente voltava no mesmo ônibus. 

SCAJHO em Nova Iguaçu en frente ao Posto Schiavini

Nós levávamos do lado de fora do ônibus uma faixa, por exemplo, quando íamos a Erechim, no Colégio São José, ou a Porto União/União da Vitória no Clube Concórdia, uma faixa pintada com os dizeres “A SCAJHO de Joaçaba leva cultura para Erechim... Leva cultura para Porto União da Vitória.” E nós saíamos divulgando o nome da cidade. E o maestro, com sua alma generosa, escreveu este texto que eu trago agora para vocês, o qual eu lia ao final, antes do bis. Porque todo mundo queria mais um, mais um, onde quer que a orquestra e o coral fossem.

E para ilustrar o banner, que está hoje no hall de entrada do teatro, utilizei uma foto que eu havia feito em São Lourenço do Oeste, em 1986, se não me engano, quando o maestro foi homenageado pela população local. Com muita arte o meu filho Guilherme fez a Arte, Seu Alfredo segurando uma placa, e é como se estivesse lendo a frase que ele mesmo escreveu – “

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Em todas as artes encontrarás Deus, já afirmavam antigos povos de civilização adiantada. É fácil constatar esta afirmação, basta olharmos aqueles – jovens, ou idosos - que dedicam parcela do seu tempo a alguma atividade artística, para verificarmos o quanto se sentem seguros, como estão em paz consigo mesmos, com a moral alta e felizes. Estes, temos a certeza, jamais formarão na extensa fila dos infelizes que vão as clínicas psiquiátricas em busca de cura, através de musicoterapia...” Palavras do maestro Alfredo Sigwalt, nascido em 1915 e falecido em 1994.” 

”Em 2011 aconteceu um Sarau Literário no Teatro, e ao lado de outros autores locais, como o Dr. Alexandre Dittrich Buhr, Davi Frozza, Euclides Riquetti, Seu Raul Pereira estava lá, lançando o livro “Velhos Tempos... Belos Dias”, em que narra sua admirável história de vida. Em 2016, ao completar 100 anos, ele foi homenageado na Câmara de Vereadores, e eu recebi um troféu pelo cinquentenário de meu programa; no ano seguinte, por votação unânime dos vereadores, o nome de Raul Anastácio Pereira passou a figurar no rol dos “Cidadãos Honorários de Joaçaba”. Justa homenagem para quem aos 19 anos fugiu de casa e escolheu esta cidade como sua morada.

Em 2015, por ocasião dos 100 anos de nascimento do Sr. Alfredo Rudolfo Sigwalt, organizamos uma grande homenagem no Teatro, com a participação do Coral Irani, do Coral da Comunidade Evangélica Luterana Santíssima Trindade, além da Orquestra do Projeto de Música da SCAR de Jaraguá do Sul, sob a batuta do Maestro Nando Spessatto, com a participação de antigos membros da Orquestra e do Coral da SCAJHO. Leda Kerber, Manoel Antenor de Moraes, Olindo Cassol, Sadi Silveira, e a presença dos filhos do homenageado na plateia. Foi uma noite especial para os amantes da cultura e da boa música. O Teatro ficou pequeno para tamanha demonstração de gratidão ao maestro Alfredo Sigwalt, que fez de Joaçaba a inspiração para desenvolver as artes em geral. Ele sempre disse que uma cidade vale pela cultura de seu povo, e esse povo tem um imenso orgulho em desfrutar desse teatro em forma de piano, emoldurado por uma estátua do maestro regendo essa comunidade no pulsar da música e da cultura.

Ao longo dos anos, sempre que foi possível registrei em vídeo as apresentações da Orquestra e do Coral da Scajho, e esse material, digitalizado, contém imagens preciosas daquele tempo.”

Maestro Alfredo Sigwalt e os alunos do Teatro

Maestro Alfredo Sigwalt

“Sigwalt foi fundador e grande incentivador da SCAJHO. Ele veio para cá em 1952. E a antiga Sociedade Cultural Artística de Cruzeiro e Herval, já existia desde 1942. O Maestro foi uma figura marcante na cultura regional, e o seu legado permanece, graças a Deus, com o teatro que nós temos, que é motivo de orgulho, para nós e toda a nossa região.

O teatro tem aproximadamente 500 alunos que recebem duas aulas semanais gratuitamente, e o pagamento dos nossos 15 professores é feito com recursos autorizados pelas respectivas Câmaras de Vereadores de Joaçaba e de Herval d´Oeste. Joaçaba repassa valores anualmente, e Herval oferece para a SCAJHO três professores a cada novo ano, professores concursados. Mudam os professores, mas são sempre pagos pelo erário de Herval d´Oeste. Dois professores e uma pessoa para coordenar. Veja, nós temos 3 ou 4 funcionários, e como é que vão dar conta de coordenar todas as atividades das oficinas culturais. A maioria são crianças, adolescentes, há a necessidade de disciplinar, de controlar, e isto é feito por esta funcionária cedida pela prefeitura de Herval d´Oeste.”

Centenário de Joaçaba

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“O município de Joaçaba se chamava Cruzeiro, depois Limeira e teve a sede em Catanduvas mas voltou para cá, para Joaçaba. E em 1943 por decreto do governo federal, teve que mudar o nome de Cruzeiro, porque já existia outra cidade no interior de São Paulo com este mesmo nome. E o decreto determinava que os municípios mais antigos poderiam conservar o nome. Os demais teriam que mudar. Há controvérsias até hoje, mas parece que origem é do tupi-guarani, a denominação Joaçaba, que seria uma encruzilhada. Cruzeiro é uma encruzilhada. E daqui realmente você pode ir para o litoral catarinense, para o Paraná, para o extremo oeste catarinense chegar na Argentina, para o Rio Grande do Sul. Realmente, nós somos um grande Cruzeiro.

Em junho 2015 dois anos aproximadamente antes do aniversário de 100 anos de Joaçaba, fui com minha filha Luciana a uma reunião no Clube Cruzeiro, na qual compareceram diversas pessoas da comunidade, entre as quais as senhoras Anna Lindner von Pichler e Marinês Calliari Freiberger, e ali foi formada uma comissão provisória, nada definitivo. Em maio de 2016, fui convidado pelo vereador Adão Jair Florêncio e pelo escritor Sergio Martins para o lançamento na Câmara de Vereadores do Herval do livro que conta a história do 26º Batalhão de Polícia Militar, sediado em Herval d’Oeste, “Guerreiros da Paz Social: História de Bravos”, e ali encontrei o prefeito e o vice na época, senhores Rafael Laske, conhecido como Mamão, e Marcos Weiss, e falei a eles - Nós temos que nos mexer porque logo está chegando o centenário de Joaçaba – “Não, mas falta tempo” – Não, não falta muito tempo. Nós estamos no começo de 2016 e logo já é agosto de 2017.

E mais tarde, por insistência de amigos e dessas autoridades, eu aceitei o cargo de Presidente da Comissão Pró Centenário de Joaçaba, função que ninguém queria. E minha família me apoiou muito, mesmo sabendo das dificuldades que seriam enfrentadas para uma empreitada deste quilate. Não foi fácil, realmente não foi. Enfrentei muita contrariedade, mas eu lembrava o seguinte: em 1967 Joaçaba ganhara um livro contando os 50 anos da sua história, meu objetivo era fazer um livro contando a história destes 100 anos da emancipação político-administrativa do município de Joaçaba, ao qual pertencera Herval d’Oeste.

Aliás, quando foi criado, em 25 de agosto de 1917, o município de Joaçaba tinha 7.680 Km quadrados, pois desde então se emanciparam 33 municípios, reduzindo nosso território para apenas 242. Concórdia, Treze Tílias, parte de Caçador, Videira e Água Doce, que ainda é o sexto maior município em extensão territorial de Santa Catarina, também pertenciam a Joaçaba. Inclusive na condição de Presidente da Comissão, eu estive acompanhado pelo vice-prefeito, nosso amigo Juscelino Ferraz, visitando todos estes 33 municípios, convidando autoridades a virem participar do desfile alusivo ao centenário de Joaçaba, que seria no dia 7 de setembro. E fomos muito bem recebidos em toda parte, em todos os lugares, e realmente vieram representantes de vários destes 33 municípios. Não vieram de todos, mas foi bem sucedida a nossa iniciativa.

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Mas antes de ser sido designado Presidente da Comissão do centenário fui procurado por um pessoal de Curitiba, de uma empresa que publica livros sobre as cidades. Eles se ofereciam para vir fazer o livro do centenário de Joaçaba. Iriam morar aqui por 9, 10 meses; algumas pessoas desta equipe, que iriam pesquisar, fotografar, documentar, entrevistar as pessoas, para fazer o livro de Joaçaba. Mas, eles pediram mais de 400 mil reais, lá em 2016, para fazer este trabalho. E se a Prefeitura não dispusesse destes valores, eles passariam nas empresas locais, vendendo propaganda para ser colocada no livro, buscando os recursos necessários para o pagamento desta quantia elevada. Eu havia escolhido como vice-presidente desta comissão do centenário, meu antigo vizinho e amigo Ary Reginato. E o Ary, muito ligado ao CDL, disse – “Bola, mas o comércio local não tem dinheiro para isto. Como é que vamos pagar estes caras? Não vamos fazer com eles, não!”.

Por sugestão do nosso colega de diretoria da Comissão do Centenário, o colega scajeano Jaime Telles, convidamos para Presidente de Honra da Comissão do Centenário o Dr. Antônio Diomário Queiroz, filho do Dr. Alexandre Queiroz, que havia publicado o Álbum do Cinqüentenário, e inclusive participara daquela empreitada maravilhosa do Dr. Alexandre, que resgatou a história de Joaçaba. E o Dr. Diomário havia publicado ali uma poesia, e teria incentivado muito o pai, bem como o Enéas, irmão dele, que pesquisa e escreve sobre história, ele reside em Videira, é um grande historiador. Dr. Antônio Diomário aceitou, entusiasmado e agradecido, tanto que veio oito vezes a Joaçaba para auxiliar nos preparativos do livro e das festividades do centenário. Sempre acompanhado por sua esposa, Sra. Rosa De Cezaro, e nunca nos cobrou nada. Eles vinham de carro próprio, se hospedavam no hotel, e as únicas concessões que ele aceitou para ser ressarcido de alguma coisa, é quando vinham almoçar no restaurante Estação Pastel, e meu pai o acompanhava, como grande amigo da família, e papai nunca permitiu que o Dr. Diomário e esposa pagassem pela refeição. O resto ele bancou tudo, com dedicação integral.

Eu falo do Dr. Diomário porque foi ele quem intermediou junto ao professor Aristides Cimadon, magnífico reitor da Unoesc, foi ele quem conseguiu a impressão do livro, sem custos para a Cidade. Porque o filho do Dr. Alexandre Queiroz, na qualidade de antigo reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, o que lhe concede um status de destaque, foi conversar com o Cimadon e perguntou se ele teria alguém para escrever sobre a educação em Joaçaba. - É claro que sim, nós temos uma universidade que é motivo de orgulho. E ele convocou professores para esta tarefa. Como a Unoesc recebera por doação o Hospital Santa Terezinha, o Dr. Diomário perguntou ao Cimadon se ele teria alguém para escrever sobre a saúde em nosso município, e ele prontamente concordou – Claro, eu tenho este e aquele professor para fazer esta tarefa com entusiasmo. O Dr. Diomário me contou o seguinte – “Bolinha, eu achei que o Cimadon estava concordando com tudo que eu pedia, e arrisquei – E o livro, vocês não podem dar? Ele concordou prontamente, e assim aconteceu”.

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No domingo 27 de agosto 2017 o Teatro foi o cenário de lançamento do Livro do Centenário de Joaçaba. Tive a alegria de ver meus familiares e muitos amigos na plateia, e a honra de dividir a mesa central com personalidades, como o prefeito atual Dioclésio Ragnini e o anterior, Rafael Laske, Francisco Moreira Lopes, presidente da Câmara de Vereadores, o Juiz de Direito Dr. Alexandre Dittrich Buhr, o reitor da Unoesc Aristides Cimadon e os ilustres companheiros com quem compartilhei a responsabilidade pela obra: Antônio Diomário Queiroz, Rogério Augusto Bilibio e os irmãos Jucelino e Cleacir Ferraz. Na ocasião, homenageamos muitas pessoas que foram importantes para o “final feliz”

Bolinha presenteando Omar Dimbarre com o livro do Centenário de Joaçaba

O livro está aí hoje, e na foto estou entregando ao autor desse texto, ao meu prezado amigo Omar Dimbarre, o legado que nós deixamos  para as gerações pósteras, contando a história de Joaçaba. Claro que cem anos de história de um município não cabem em um livro de apenas 250 páginas, mas tudo que está ali, nós assinamos embaixo como verdadeiro e autêntico. “Lembranças Douradas de Joaçaba” foi o nome dado pelo hervalense Rafael Nodari Casado, por mim escolhido para a maravilhosa ilustração da capa, da logomarca e da introdução. Colaborei com textos sobre o carnaval, o autódromo, a catedral, além da apresentação. E inclusive o meu irmão mais velho, Carlos José, professor universitário em Santos e em São Paulo, onde ele reside desde 1968, escreveu sobre os 100 anos de desenvolvimento do oeste catarinense, um artigo ilustrado com planilhas, com números, com a história, que está na página 217 do livro do centenário e merece ser lido, porque lá em São Paulo as pessoas responsáveis pelas bibliotecas universitárias que receberam exemplares deste livro, ficaram admiradas com a realidade e a pujança da nossa região e do tipo de qualidade de vida que nós acrescentamos.”

Cápsula do Tempo 

E também ofereço uma exclusividade aos leitores do Portal Éder Luiz: a lista dos DESTINATÁRIOS DO MATERIAL DEPOSITADO EM OUTUBRO 2017 NA CÁPSULA DO TEMPO, QUE SERÁ ABERTA EM 2067, NO SESQUICENTENÁRIO DO MUNICÍPIO DE JOAÇABA.

A Cápsula, ideia concretizada pelo Pedro Dorli Belotto, está localizada no Parque Municipal Ivan Oreste Bonato. Com a palavra a professora Leda Silva Kerber: “Muitos historiadores, autoridades, joaçabenses conhecedores da vida dos habitantes de Joaçaba, do passado e até o centenário, incluíram na CÁPSULA DO TEMPO seus escritos, fotografias, enfim material importante para servir de história aos remanescentes e atuais joaçabenses dentro das festividades do Sesquicentenário de Joaçaba, os 150 anos do município, o que acontecerá em agosto 2067”. Leda revela alguns detalhes: “Da minha parte contém história da minha família Silva Kerber, do centenário de minha mãe Marieta, das entidades culturais SCAJHO, integrantes do Grupo de Capoeira e dos Corais da LIGA CULTURAL ARTÍSTICA ALTO URUGUAI, FRATELLI D’ITALIA, Grupo de Capoeira e os Corais Infantis em que fui participante como regente, e da Diretoria da nossa SCAJHO, entre outros dados. Nosso “Historiador Maior”, Antonio Carlos ‘Bolinha’ Pereira completa inúmeros dados importantes da História de JOAÇABA CENTENÁRIA”, completa Leda, conhecida como “A Voz da Scajho” 

São os seguintes os Destinatários:

1.     A 1ª. Criança nascida em 25/08/2017, Keyla Vitória da Silva Morais

2.     ACIOC, Associação Comercial Industrial

3.     Alexandre Chimaru Santos/DVD Raul Seixas Tributo

4.     Alexandre Dittrich Buhr/ Juízes de Direito

5.     Amanda Pilatti da Silva/ Cibele e Eleandro da Silva

6.     Antonio Carlos Pereira aos Familiares

7.     Antônio Diomário de Queiroz/Familiares

8.     Ary Reginatto/Familiares – Casa do Chapeador

9.     Câmara de Vereadores Joaçaba

10.  Caroline, Gilberto, Roberto e Paulo Pereira Kornelius

11.  Carlos Gomes Big Band/ Teatro (de Maestro Luiz Fernando Spessatto)

12.  Casa da Cultura Rogério Sganzerla (de Antonio Carlos Pereira)

13.  CDL/ Monumento Frei Bruno

14.  Colégio Superativo – Terceirão

15.  Comunidade Evangélica Luterana Santíssima Trindade

16.  Diogo Di Domenico Lorasqui

17.  Família Pedro Dorli Belotto

18.  Família Pereira - Luciana, Guilherme, Ricardo, Caroline, Roberto e Pedro P. Kornelius

19.  Igreja Católica/ Diocese Santa Teresinha

20.  Jayme Pichler Wendhausen

21.  JCI – Câmara Junior de Joaçaba

22.  Kênya Xavier Ferreira

23.  Leda Silva Kerber/Familiares

24.  LEOC/ Liga Esportiva

25.  Lions Clubes de Joaçaba/ Obelisco

26.  Livro Joaçaba 100 (de Antonio Carlos Pereira)

27.  Livro Joaçaba 50 (de Antonio Carlos Pereira)

28.  Luiza Moterle de Oliveira

29.  Mafalda de Dea para Joana, Beatris e Mario Fett Filho

30.  Mafalda de Dea para Luiz e Denise Fett/Familiares

31.  Mafalda de Dea para Roseli e Roque Nezello

32.  Prefeitura Joaçaba /Histórico da Cápsula do Tempo (de Antonio Carlos Pereira)

33.  Prefeitura Herval d’Oeste/ Larfiagem (de Maestro Luiz Fernando Spessatto)

34.  Prefeitura Joaçaba (de Antonio Carlos Pereira)

35.  Prefeitura Treze Tilias

36.  Prefeitura Joaçaba / Imagens das ruas

37.  Rita e Vilmar Sartori/Familiares Michele e Vinicius

38.  Schaedler, Familiares da Camila

39.  Secretaria de Educação de Joaçaba

40.  Secretarias da Prefeitura de Joaçaba

41.  Sindilojas Joaçaba

42.  Teatro Alfredo Sigwalt/ SCAJHO

43.  Unoesc/ Editora

44.  SR. PREFEITO DE JOAÇABA em 2067

45.  Sr. PREFEITO DE TREZE TILIAS em 2067

46.  Sr. PREFEITO DE HERVAL D’OESTE em 2067

 Última Apresentação do Discos do Bolinha 

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”Como já disse, eu procurava mesclar as músicas daquela época dourada da minha juventude com informações sobre as gravações, seus autores e intérpretes, e ao longo dos anos mantive por tradição apresentar em primeira mão o disco anual do Roberto Carlos; ocupei microfones a partir de 1966 nas rádios Herval d’Oeste, Catarinense, Líder do Vale, Transoeste, e desde 2003 na rádio Liberdade FM, emissora comunitária de Herval d’Oeste, no horário das 17 às 19 horas. A transmissão via internet conquistou ouvintes de outros estados e alguns países, eu recebia pedidos musicais de ouvintes do Portugal, França, Áustria, Espanha... Éramos uma dúzia de comunicadores, alguns experientes e muitos deles novatos, cheios de boas ideias, com os quais fiz amizade.

Abaixo foto da última Apresentação do Discos do Bolinha

Ah, eu quase me esquecia de contar: um grupo de casais amigos pediu e eu realizei na AABB, em um sábado de 1989, uma festinha só com músicas dos anos 60. Era uma turma barra limpa, batizada como “Boys & Girls dos Anos 60”, trajada a caráter: meninas com vestidos de bolinha, pantalonas, rapazes com gravatinha borboleta e camisa vermelha, jaqueta de couro, óculos ray-ban e muita brilhantina nos cabelos. Eu como DJ atendia aos pedidos: Carlos Gonzaga, Elvis Presley, Celly Campello, Chubby Checker, Sérgio Murilo, Beatles, Renato e seus Blue Caps, Rolling Stones, Os Incríveis, The Ventures, Jerry Adriani, Nat King Cole, Wanderley Cardoso, Creedence Clearwater Revival, Eduardo Araújo, Ray Charles, Wanderléa, Erasmo e Roberto. Bicho, valeu a pena, o pessoal ficou até as 5 da matina, saímos com o coração e a alma leves, e repetimos a nossa festa de arromba em outros locais da cidade e até em Catanduvas, no salão de festas do Hotel Voyage e na Boate Papaya. Uma brasa, móra!

 Quando “Os Discos do Bolinha” completava 50 anos de existência apresentei o último programa, em 27 de outubro de 2016, e recebi uma maravilhosa e emocionante surpresa: minha irmã caçula, e Luciana, minha filha mais nova, convocaram a família para ir na antiga casa de pedra, construída pelo Dr. Miguel Russowsky e que foi sede por muitos anos da Rádio Liberdade FM. A família toda esteve lá para a saideira. Para a última audição dos Discos do Bolinha. Levaram bolo, guaraná, salgadinhos, espumante. E esteve lá, filmando aquele momento, o web jornal “Bom Dia Santa Catarina” do jornalista Evandro Novak, com sua esposa Maeli e a filha Maitê. E te confesso, Omar, de todas as emoções que eu vivi como comunicador, como entrevistador, como produtor de espetáculos no Teatro Alfredo Sigwalt, a mais marcante aconteceu nesse dia em que meu pai, minha esposa, meus familiares foram para o microfone da rádio Liberdade prestigiar a despedida dos Discos do Bolinha, meu modesto programa, que eu comecei a fazer apenas para divulgar a boa música. Agradeço a Deus por tantas bênçãos!”

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Cultura em Cena é uma coluna escrita pelo produtor cultural Omar Dimbarre, para destacar o que se faz no meio cultural da região.

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