A afirmação do subtítulo desta reportagem é do delegado de polícia Bruno Boaventura, da Comarca de Joaçaba, feita durante entrevista nesta segunda feira, quando relatou um número preocupante de furtos em apenas um final de semana no município. Na mesa do delegado 20 boletins de ocorrência tratando sobre furtos, cometidos das formas mais variadas.

Os ladrões parecem estar á vontade em Joaçaba, residências de classe alta, média e até barracos foram invadidos. Veículos tiveram arrancados aparelhos de som, bolsas e carteiras foram levadas. Claro que em alguns casos houve displicência, como onde as casas e os carros estavam abertos, mas o fato do proprietário ter facilitado não diminui a gravidade do problema. “As pessoas em nossa cidade tem uma falsa impressão de segurança, de que as coisas não vão acontecer. Estamos transpondo a barreira de seguro para insegura, até por que a criminalidade está migrando dos grandes centros para as cidades menores”. Afirma o delegado. Para Bruno Boaventura, a situação piorou após o decreto estadual que deu a Polícia Militar quase que as mesmas atribuições da Polícia Civil. “Agora você não vê mais policiais militares nas ruas. O trabalho que seria de estar nos bairros fazendo as rondas, ajudando a diminuir estas ocorrências, foi transferido para funções burocráticas. Aumenta a criminalidade e cai em nossas mãos”. Desabafa o delegado, que ainda faz uma afirmação preocupante. “O recado que quero passar a comunidade é que ela está mercê da sorte. Que aumentem seus muros, coloquem grades nas janelas, cercas elétricas, por que a coisa tende a piorar se a situação continuar desta maneira”. A maior preocupação do delegado é com a falta de policiais civis para atuar nos casos onde é necessária uma investigação mais apurada. “Para investigar todos estes casos de furtos, só os do final de semana, tenho apenas um investigador. No total são três na equipe, mas um está de férias e outro participa de uma força tarefa no litoral. Desta maneira é quase impossível darmos alguma satisfação”. No Instituto geral de Perícis IGP, que faz as perícias também nos casos de furtos, apenas um técnico atende vários municípios da região. Bruno Boaventura também relata a situação vivida pelos delegados da comarca, que se dividem entre três municípios. “No meu caso além de Joaçaba e ainda sou responsável por Treze Tílias e Água Doce. Como é que podemos fazer um bom trabalho tendo que atender também as outras comarcas, o que nos traz um grande acumulo de atribuições”. O delegado ainda desabafa quanto a situação salarial da Polícia civil catarinense. “Hoje o salário base para um policial é de pouco mais de R$700,00. Como é que um policia vai exercer suas funções com um salário destes. Nós, falo por mim e pelos demais colegas, estamos dependentes de horas extras para melhorar nossa renda”. Mesmo demonstrando todo os descontentamentos, o delegado afirma que a polícia Civil vai buscar as respostas para quem foi vítima dos furtos. “Embora tenhamos estas limitações vamos buscar uma resposta para a sociedade. Claro que diante destas dificuldades ela não será imediata”. Finalizou o delegado.